Díli, 17 fev (Lusa) -
Timor-Leste, a Austrália e um consórcio de empresas petrolíferas tentam esta
semana, sob mediação das Nações Unidas (ONU), chegar a um acordo para o
desenvolvimento dos campos de Greater Sunrise, no Mar de Timor, essenciais para
o financiamento timorense.
As reuniões, que decorrem em
Kuala Lumpur, na Malásia, são as últimas antes do fim do trabalho de uma
Comissão de Conciliação solicitada por Timor-Leste no âmbito da Convenção das
Nações Unidas sobre a Lei do Mar (conhecida pela sigla UNCLOS).
Díli e Camberra conseguiram já,
através da mediação dessa comissão, alcançar um acordo histórico para um
tratado de delimitação de fronteiras marítimas, que vai ser assinado a 06 de
março em Nova Iorque, na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Como a Lusa avançou no início
deste mês, o acordo, cujos contornos exatos ainda não são conhecidos, coloca a
linha de fronteira na posição defendida por Timor-Leste, ou seja, a meio
caminho entre os dois países, como Díli sempre reivindicou.
A linha mediana resolve quase
definitivamente as fronteiras na região, tendo depois Timor-Leste de concluir,
com a Indonésia, a delimitação de outas zonas fronteiriças.
Apesar do êxito nas negociações
do tratado, que foi esta semana aprovado pelo Governo timorense, a equipa
liderada por Xanana Gusmão (ex-Presidente e negociador principal) e Agio
Pereira, ministro de Estado no atual Governo e que vai assinar o documento em
nome de Timor-Leste, não há ainda acordo sobre a exploração do Greater Sunrise.
Esta semana as redes sociais
timorenses, incluindo páginas oficiais do partido presidido por Xanana Gusmão,
o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense, divulgaram uma suposta mensagem
enviada pelo líder timorense em que este pede a todos que rezem pelo êxito das
negociações.
A mensagem, em tétum, refere-se
aos encontros de Kuala Lumpur e às duas alternativas de desenvolvimento do
Greater Sunrise, com o gasoduto para Darwin ou para Beaçu, no sul de
Timor-Leste.
Apelando à ajuda dos ancestrais
para que apoiem a delegação timorense, a mensagem pede rezas a todos os
timorenses, destacando em particular os estudantes, já que os recursos
petrolíferos "também são o seu futuro".
"Peço que todos se mobilizem
para ir à Missa rezar a Deus para que nos abençoe e ajude", lê-se na
mensagem.
Em cima da mesa estão três
potenciais cenários, a de uma exploração flutuante, defendida pelas
petrolíferas que têm a concessão do Greater Sunrise - Woodside, ConocoPhillips,
Royal Dutch Shell e Osaka Gas -, a ligação ao gasoduto já existente que liga outros
poços no Mar de Timor a Darwin (norte da Austrália) ou a ligação por gasoduto
ao sul de Timor-Leste.
A decisão determinará a partilha
de receitas do recurso, com Timor-Leste a receber 70% se o gasoduto vier para
território timorense e 80% se for para Darwin, segundo fonte conhecedora das
negociações.
Localizados em 1974, os campos do
Greater Sunrise contêm reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás
e estão localizados no Mar de Timor, aproximadamente a 150 quilómetros a
sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a noroeste de Darwin, na Austrália.
ASP // SR | Foto: GMN TV
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