segunda-feira, 4 de julho de 2016

PM timorense apela a próximo Governo australiano para negociar fronteiras marítimas


Díli, 04 jul (Lusa) - O primeiro-ministro timorense apelou hoje ao Governo australiano que sair das eleições do passado fim-de-semana para negociar as fronteiras marítimas entre os dois países, essenciais para o futuro de Timor-Leste.

"Pedimos ao novo Governo que olhe para o Mar de Timor com novos olhos e que trabalhemos juntos para resolver a nossa disputa, construindo paz e prosperidade na nossa região", afirmou Rui Maria de Araújo, em Díli.

"Definir as fronteiras marítimas será o passo final para a soberania de Timor-Leste, mas também algo essencial para a nossa sustentabilidade e para nos podermos desenvolver sem ter as mãos atadas atrás das costas", afirmou.

Rui Maria de Araújo falava no arranque da edição de 2016 do encontro de parceiros de desenvolvimento, em que participam representantes de vários países, agências e organizações internacionais, deputados e membros da sociedade civil.

Na sua intervenção, reiterou a vontade de Timor-Leste concluir a definição de fronteiras marítimas com a Austrália, mostrando-se otimista que o processo de Conciliação Obrigatória, iniciado nas Nações Unidas, possa ajudar a resolver esta questão.

O chefe do Governo reconheceu, por outro lado, que o conflito interno vivido em 2016 levou a que Timor-Leste tenha ficado "para trás" nos esforços de implementar os objetivos do milénio definidos pelas Nações Unidas, para o desenvolvimento do país.

"Conflito e instabilidade desviou-nos do caminho e ficámos para trás. A nossa história demonstrou que a paz é pré-condição para o desenvolvimento sustentável. Apesar dos desafios, Timor-Leste fez um grande progresso, só possível depois de ter conseguido a paz e estabilidade", afirmou.

Neste processo, afirmou, Timor-Leste "não está só" e o caminho do desenvolvimento foi apoiado "numa multitude de áreas" pelos parceiros internacionais, ajudando a melhorar o número de crianças nas escolas, a reduzir a mortalidade materno-infantil e a diminuir a prevalência de doenças como a tuberculose e a malária.

"Tivemos maturidade de reconhecer as nossas fraquezas e definir prioridades pra liderar o nosso desenvolvimento, reconhecendo as nossas circunstâncias únicas e a necessidade de definir prioridades nos objetivos de desenvolvimento. E assim demonstrar que podiam confiar em nós, o que levou a uma cooperação produtiva", disse.

Rui Araújo destacou que Timor-Leste está hoje num "novo cenário de desenvolvimento", continuando a apostar num amplo plano de reformas, em infraestruturas cruciais e na melhoria de indicadores sociais.

Ao mesmo tempo sublinhou os esforços do Governo para criar um cenário favorável ao investimento, com mais de 18 mil licenças comerciais e vários projetos de investimento de grande dimensão, incluindo uma fábrica de cerveja e uma de cimento.

Formação técnica e vocacional, reforço do sistema escolar a nível pré-primário, primário e secundário e apoio com bolsas para formação superior e técnica continua a ser prioridade do Governo, sublinhou.

"Ainda temos muito a fazer antes de cumprir os compromissos que fizemos. Sabemos que nunca estivemos sozinhos. Estamos honrados de trabalhar ao lado de todos e queremos construir nestes alicerces de reciprocidade e confiança mútua", afirmou.

O primeiro-ministro mostrou-se confiante que a revisão levada a cabo para garantir maior coordenação e eficácia no planeamento e implementação ajudará a mobilizar mais recursos financeiros, tanto a nível doméstico como internacional, para o desenvolvimento timorense.

ASP // MP

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