Díli,
04 jul (Lusa) - O primeiro-ministro timorense apelou hoje ao Governo
australiano que sair das eleições do passado fim-de-semana para negociar as
fronteiras marítimas entre os dois países, essenciais para o futuro de
Timor-Leste.
"Pedimos
ao novo Governo que olhe para o Mar de Timor com novos olhos e que trabalhemos
juntos para resolver a nossa disputa, construindo paz e prosperidade na nossa
região", afirmou Rui Maria de Araújo, em Díli.
"Definir
as fronteiras marítimas será o passo final para a soberania de Timor-Leste, mas
também algo essencial para a nossa sustentabilidade e para nos podermos
desenvolver sem ter as mãos atadas atrás das costas", afirmou.
Rui
Maria de Araújo falava no arranque da edição de 2016 do encontro de parceiros
de desenvolvimento, em que participam representantes de vários países, agências
e organizações internacionais, deputados e membros da sociedade civil.
Na
sua intervenção, reiterou a vontade de Timor-Leste concluir a definição de
fronteiras marítimas com a Austrália, mostrando-se otimista que o processo de
Conciliação Obrigatória, iniciado nas Nações Unidas, possa ajudar a resolver
esta questão.
O
chefe do Governo reconheceu, por outro lado, que o conflito interno vivido em
2016 levou a que Timor-Leste tenha ficado "para trás" nos esforços de
implementar os objetivos do milénio definidos pelas Nações Unidas, para o
desenvolvimento do país.
"Conflito
e instabilidade desviou-nos do caminho e ficámos para trás. A nossa história
demonstrou que a paz é pré-condição para o desenvolvimento sustentável. Apesar
dos desafios, Timor-Leste fez um grande progresso, só possível depois de ter
conseguido a paz e estabilidade", afirmou.
Neste
processo, afirmou, Timor-Leste "não está só" e o caminho do
desenvolvimento foi apoiado "numa multitude de áreas" pelos parceiros
internacionais, ajudando a melhorar o número de crianças nas escolas, a reduzir
a mortalidade materno-infantil e a diminuir a prevalência de doenças como a
tuberculose e a malária.
"Tivemos
maturidade de reconhecer as nossas fraquezas e definir prioridades pra liderar
o nosso desenvolvimento, reconhecendo as nossas circunstâncias únicas e a
necessidade de definir prioridades nos objetivos de desenvolvimento. E assim
demonstrar que podiam confiar em nós, o que levou a uma cooperação
produtiva", disse.
Rui
Araújo destacou que Timor-Leste está hoje num "novo cenário de
desenvolvimento", continuando a apostar num amplo plano de reformas, em
infraestruturas cruciais e na melhoria de indicadores sociais.
Ao
mesmo tempo sublinhou os esforços do Governo para criar um cenário favorável ao
investimento, com mais de 18 mil licenças comerciais e vários projetos de
investimento de grande dimensão, incluindo uma fábrica de cerveja e uma de
cimento.
Formação
técnica e vocacional, reforço do sistema escolar a nível pré-primário, primário
e secundário e apoio com bolsas para formação superior e técnica continua a ser
prioridade do Governo, sublinhou.
"Ainda
temos muito a fazer antes de cumprir os compromissos que fizemos. Sabemos que
nunca estivemos sozinhos. Estamos honrados de trabalhar ao lado de todos e
queremos construir nestes alicerces de reciprocidade e confiança mútua",
afirmou.
O
primeiro-ministro mostrou-se confiante que a revisão levada a cabo para
garantir maior coordenação e eficácia no planeamento e implementação ajudará a
mobilizar mais recursos financeiros, tanto a nível doméstico como
internacional, para o desenvolvimento timorense.
ASP
// MP
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