Díli,
10 fev (Lusa) - O líder histórico timorense e presidente do maior partido do
país Xanana Gusmão declarou hoje o seu apoio formal à candidatura do líder da
Fretilin Francisco Guterres (Lu-Olo) à Presidência da República timorense.
A
declaração de Xanana Gusmão, líder do Congresso Nacional para a Reconstrução de
Timor-Leste (CNRT), foi feita num encontro de apresentação formal da
candidatura de Lu-Olo hoje na zona ocidental de Díli, onde o líder timorense
foi bastante aplaudido pela sua presença e pelo seu apoio.
"Estou
aqui para dar apoio ao meu irmão mais novo. A quem dou o meu apoio moral e o
meu apoio político. Timor precisa de uma pessoa como Lu-Olo que esteja no cargo
mais alto, sabendo o que é sentido de Estado, quais são as suas obrigações
constitucionais, as suas obrigações no exterior, mas também as suas obrigações
ao povo", afirmou Xanana Gusmão.
Num
discurso fortemente aplaudido, Xanana Gusmão suscitou várias vezes ao público
que gritasse o nome do candidato e garantiu que o seu apoio a Lu-Olo não é de
agora.
"Dei
esse apoio antes de saber se havia ou não outros candidatos. E seja quem for
que apareça. Não foi agora que dou o meu apoio. Olhando para o processo de
construção do Estado precisamos de uma pessoa que compreende o que é o Estado,
que pode unir-nos a todos e falar sobre o nosso Estado", disse.
Francisco
Kalbuadi, presidente da Comissão Política Nacional do CNRT, garantiu à Lusa que
o apoio manifestado hoje por Xanana Gusmão não foi só pessoal mas representa
todo o partido.
"Está
aqui o presidente, está aqui o presidente da comissão política e penso que isso
não deixa qualquer dúvida", afirmou Kalbuadi.
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, disse à Lusa considerar não haver
dúvidas de que a candidatura de Lu-Olo tem o apoio do CNRT e não apenas de
Xanana Gusmão.
"Acho
que ficou declarado que o CNRT apoia e não tenho dúvidas nenhumas que o CNRT é
um partido com certa disciplina e uma vez que o presidente apoia, já houve uma
reunião da Comissão Política Nacional, decidiram dar o apoio", considerou.
"Num
país tão pequeno já temos 30 partidos e é necessário que se faça uma mensagem
clara de coesão nacional. Não tenho nada contra os partidos, que têm o seu
lugar na construção do Estado, mas consolidar o Estado exige coesão
nacional", afirmou.
Nos
últimos anos a relação entre Xanana Gusmão e a liderança da Fretilin,
especialmente com o secretário-geral, Mari Alkatiri, tem-se estreitado
significativamente, algo sublinhado por todos no encontro de hoje.
Na
sua intervenção Alkatiri disse que essa aproximação quer contribuir para que a
sua geração "deixe algo de positivo" aos mais novos, em concreto,
"uma cultura e vida institucional assente no sentido de Estado".
"Isso
só é possível, mesmo que não tendo os mesmos ideais, se andarmos juntos",
afirmou, reiterando que para consolidar essa unidade nacional é necessário um
chefe de Estado como Lu-Olo.
"Temos
que ter um presidente que entende o que é o consenso, um Presidente que não
será oposição ao Governo e ao parlamento, alguém que seja um chefe de
Estado", disse.
Mesmo
nas legislativas de julho, insistiu, e apesar dos partidos se apresentarem
todos separadamente, Alkatiri prometeu que "ganhe quem ganhar, o trabalho
continuará a ser de unidade nacional".
"Nas
legislativas eu andarei de um lado e o meu compadre poderá andar do outro. Mas
quando chegar as eleições estaremos juntos. Isso posso garantir", afirmou.
"Não
tentem dividir-nos, não vale a pena tentar. Acabaram os cabides e as muletas.
Nas eleições cada um procurará ganhar mas no fim estaremos todos juntos",
considerou.
Xanana
Gusmão aproveitou ainda o seu discurso para recordar que Timor-Leste só cumpre
15 anos de independência e que as suas instituições ainda estão na fase de
construção, sendo importante reconhecer o que foi feito e perceber os desafios
que permanecem.
Os
timorenses, disse, devem aprender com os erros do passado, corrigir o que for
necessário e trabalhar de forma unida pelo futuro do país.
"Precisamos
de ter uma grande visão, uma visão conjunta e unida, definindo qual é a melhor
política, quais são as melhores medidas para aplicar em Timor-Leste",
considerou.
"Estamos
aqui para criar alguma coisa para a geração que vem depois. Não queremos fazer
tudo, queremos criar alicerces para um Estado para vocês consolidarem",
disse ainda.
ASP
// PJA
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