Os
medicamentos tradicionais têm vindo a registar "taxas alarmantes de
falha" no tratamento desta doença
A
equipa de cientistas da faculdade de Medicina Tropical da universidade de
Mahidol, em Banguecoque, Tailândia, alertou para o perigo de a malária se tornar
intratável, devido à rápida disseminação, no sudeste asiático, de uma
"super malária".
Esta
nova forma perigosa do parasita da malária, que surgiu no Camboja e desde então
tem vindo a espalhar-se por partes da Tailândia e Laos, chegando ao sul do Vietname,
não pode ser curada com os principais medicamentos contra a doença.
"Pensamos
que é uma séria ameaça", afirmou o professor Arjen Dondorp, chefe da
equipa de cientistas, em declarações à BBC. "É
alarmante que esta variedade esteja a espalhar-se tão rapidamente em toda a
região e tememos que se possa espalhar mais e ir para África",
acrescentou.
No
artigo, publicado no jornal online The Lancet
Infectious Diseases, a equipa de cientistas detalhou "o recente
desenvolvimento sinistro" que tem vindo a dar resistência aos medicamentos
à nova forma de malária.
O
tratamento desta doença, causada por um parasita que é transmitido através da
picada de mosquito, tem como primeira escolha de tratamento uma combinação de
artesunato, um derivado de artemisinina, e mefloquina. No entanto, o parasita
tem vindo a desenvolver resistência a alguns fármacos, que registam "taxas
alarmantes de falha", de acordo com o artigo.
Segundo
Dondorp, o tratamento registou taxas de falha de aproximadamente um terço no
Vietname e, em algumas regiões do Camboja, a taxa alcançou os 60%. O professor
alertou ainda para o facto de a taxa de resistência em África, onde ocorrem 92%
dos casos de malária, poder vir a ser catastrófica.
"É
uma corrida contra o tempo. Para ser honesto, estou bastante preocupado",
afirmou Dondorp.
"A
disseminação desta "super malária", resistente à droga mais eficaz
que temos, é alarmante e tem implicações importantes para a saúde pública
global", disse Michael Chew, da instituição de pesquisa médica Wellcome Trust.
"Cerca
de 700.000 pessoas morrem por ano devido a doenças resistentes a medicação,
como a malária. Se nada for feito, isso pode aumentar para milhões de pessoas
todos os anos até 2050", acrescentou Chew.
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