quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Nove partidos timorenses anunciam bloco que pode apresentar-se a próximas eleições

Díli, 16 nov (Lusa) - Nove pequenos partidos timorenses que entre si obtiveram mais de 60 mil votos nas eleições de 22 de julho constituíram-se hoje num bloco que quer ser voz no atual momento político e que poderá apresentar-se a futuras eleições.

O Fórum Democrático Nacional (FDN) reúne representantes da Partido de Unidade e Desenvolvimento Democrático (PUDD), União Democrática Timorense (UDT), Frente Mudança (FM), Bloco de Unidade Popular (BUP), Partido Socialista de Timor (PST), Partido Social Democrata (PSD), Partido Republicano (PR), o Partido Desenvolvimento Nacional (PDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC).

O FDN nasce num momento de impasse político em Timor-Leste, depois da oposição maioritária ter chumbado o programa do Governo, sendo que um eventual segundo chumbo implica a queda do executivo.

Se isso acontecer o chefe de Estado terá de escolher entre encontrar uma solução governativa no atual cenário parlamentar ou avançar para eleições antecipadas.

Numa conferência de imprensa conjunta os líderes dos nove partidos leram um comunicado em que apelam ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, para que envide todos os esforços para "encontrar uma solução de governação".

Essa solução, defendem, deve respeitar a Constituição e "contribuirá para assegurar o funcionamento de um Governo estável que garantirá o desenvolvimento socioeconómico do país, colocando todas as forças políticas em pé de igualdade".

O texto pede ainda o máximo respeito de todos pelo chefe de Estado a quem pedem que "assegure a neutralidade e o apartidarismo das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) perante o atual impasse de governação".


Segundo explicaram responsáveis do bloco, o objetivo é que cada partido dê agora a conhecer aos seus militantes e apoiantes o novo fórum sendo que, como explicaram hoje em conferência de imprensa, a maioria defende que o FDN se apresente como coligação pré-eleitoral.

Do grupo fazem parte o 6.º, 7.º e 8.º partidos mais votados sendo que, no total, as nove forças políticas obtiveram 60.130, o que os colocaria - se esta coligação existisse - como terceira força política, à frente do Partido Libertação Popular (PLP) que conseguiu eleger oito deputados com os seus 60.098 votos.

José Luis Guterres, líder da Frente Mudança (FM), e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, disse na conferência de imprensa conjunta que os partidos sentem "responsabilidade perante o eleitorado que votou" e mantêm "profundo respeito, admiração e amor pelo povo de Timor-Leste".

Sem declarar preferência por um dos cenários de solução da crise política, José Luis Guterres disse que o FDN poderá apresentar-se a eventuais eleições antecipadas.

João Gonçalves, do PSD, disse que há que questionar aspetos como o custo das eleições, a capacidade de um Governo de gestão aprovar um orçamento eleitoral e "questionar se isto vai de encontro ao interesse nacional ou do povo".

"Será que isso trará estabilidade social e económica para o país? Temos que questionar isso. São questões que o senhor Presidente terá de ter em conta, sabendo que há outras soluções constitucionais que pode também ser adotadas", afirmou.

"Pedimos que qualquer decisão que tome seja constitucional e vá de encontro ao interesse nacional e do povo", disse.

Posição ecoada por Leandro Isaac (UDT) que disse que os partidos registam "a preocupação do seu eleitorado" e que foi a defesa do interesse nacional que motivou "esta tomada de posição pública".

ASP//ISG

Sem comentários: