Díli,
16 nov (Lusa) - Nove pequenos partidos timorenses que entre si obtiveram mais
de 60 mil votos nas eleições de 22 de julho constituíram-se hoje num bloco que
quer ser voz no atual momento político e que poderá apresentar-se a futuras
eleições.
O
Fórum Democrático Nacional (FDN) reúne representantes da Partido de Unidade e
Desenvolvimento Democrático (PUDD), União Democrática Timorense (UDT), Frente
Mudança (FM), Bloco de Unidade Popular (BUP), Partido Socialista de Timor
(PST), Partido Social Democrata (PSD), Partido Republicano (PR), o Partido
Desenvolvimento Nacional (PDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC).
O
FDN nasce num momento de impasse político em Timor-Leste, depois da oposição
maioritária ter chumbado o programa do Governo, sendo que um eventual segundo
chumbo implica a queda do executivo.
Se
isso acontecer o chefe de Estado terá de escolher entre encontrar uma solução
governativa no atual cenário parlamentar ou avançar para eleições antecipadas.
Numa
conferência de imprensa conjunta os líderes dos nove partidos leram um
comunicado em que apelam ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, para
que envide todos os esforços para "encontrar uma solução de
governação".
Essa
solução, defendem, deve respeitar a Constituição e "contribuirá para assegurar
o funcionamento de um Governo estável que garantirá o desenvolvimento
socioeconómico do país, colocando todas as forças políticas em pé de
igualdade".
O
texto pede ainda o máximo respeito de todos pelo chefe de Estado a quem pedem
que "assegure a neutralidade e o apartidarismo das Forças de Defesa de
Timor-Leste (F-FDTL) perante o atual impasse de governação".
Segundo
explicaram responsáveis do bloco, o objetivo é que cada partido dê agora a
conhecer aos seus militantes e apoiantes o novo fórum sendo que, como
explicaram hoje em conferência de imprensa, a maioria defende que o FDN se
apresente como coligação pré-eleitoral.
Do
grupo fazem parte o 6.º, 7.º e 8.º partidos mais votados sendo que, no total,
as nove forças políticas obtiveram 60.130, o que os colocaria - se esta
coligação existisse - como terceira força política, à frente do Partido
Libertação Popular (PLP) que conseguiu eleger oito deputados com os seus 60.098
votos.
José
Luis Guterres, líder da Frente Mudança (FM), e ex-ministro dos Negócios
Estrangeiros, disse na conferência de imprensa conjunta que os partidos sentem
"responsabilidade perante o eleitorado que votou" e mantêm
"profundo respeito, admiração e amor pelo povo de Timor-Leste".
Sem
declarar preferência por um dos cenários de solução da crise política, José
Luis Guterres disse que o FDN poderá apresentar-se a eventuais eleições
antecipadas.
João
Gonçalves, do PSD, disse que há que questionar aspetos como o custo das
eleições, a capacidade de um Governo de gestão aprovar um orçamento eleitoral e
"questionar se isto vai de encontro ao interesse nacional ou do
povo".
"Será
que isso trará estabilidade social e económica para o país? Temos que
questionar isso. São questões que o senhor Presidente terá de ter em conta,
sabendo que há outras soluções constitucionais que pode também ser
adotadas", afirmou.
"Pedimos
que qualquer decisão que tome seja constitucional e vá de encontro ao interesse
nacional e do povo", disse.
Posição
ecoada por Leandro Isaac (UDT) que disse que os partidos registam "a
preocupação do seu eleitorado" e que foi a defesa do interesse nacional
que motivou "esta tomada de posição pública".
ASP//ISG
Sem comentários:
Enviar um comentário