Pequim,
21 dez (Lusa) - A China pediu hoje aos Estados Unidos que abandonem "a
ideia de serem os donos do mundo" e defendeu que nunca fez uma política de
"ataque económico" e que vê os parceiros comerciais como
"colaboradores em vez de concorrentes".
O
comentário foi feito hoje durante uma conferência de imprensa por Gao Feng,
porta-voz do Ministério de Comércio chinês.
Face
às perguntas dos jornalistas sobre a estratégia de segurança nacional
apresentada esta semana pelo Presidente dos Estados Unidos, na qual Donald
Trump reconhece a China como "poderoso rival", Gao Feng explicou que
Pequim "não está de acordo" com a ideia de entender as relações
comerciais como outros países como um "jogo de soma zero".
Neste
sentido, Gao afirmou que se os Estados Unidos abandonarem "a mentalidade
da Guerra Fria e a ideia de serem os donos do mundo", os dois países podem
continuar a colaborar "para fomentar o desenvolvimento conjunto e promover
a prosperidade da economia mundial".
"Tanto
no caso dos Estados Unidos como no de outros parceiros económicos, preferimos
considerá-los como colaboradores em vez de competidores", acrescentou o
porta-voz.
O
porta-voz chinês lamentou que a posição de Washington "tenha causado
preocupação no mundo em torno da instabilidade da economia mundial no
futuro", afirmando que a estabilidade é necessária para que se
"mantenha a tendência de recuperação económica".
"Quero
enfatizar que a China na nova era está a promover a construção de um modelo
novo das relações internacionais, em que a colaboração e o benefício mútuo são
importantes", argumentou o mesmo responsável.
O
porta-voz do Ministério do Comércio da China recordou que a Pequim e Washington
estabeleceram relações diplomáticas há quase 40 anos e que, graças aos esforços
de ambas as partes, foram alcançadas grandes conquistas.
Deu
como exemplo o crescimento do comércio bilateral - que passou de 2.500 milhões
de dólares (2.100 milhões de euros) de 1979 para 524.300 milhões de dólares
(441.580 milhões de euros) no final de 2016.
Nos
primeiros 11 meses do ano, as trocas comerciais entre a China e os Estados
Unidos ascenderam a 527.220 milhões de dólares, traduzindo um aumento de 12,8%
face ao período homólogo do ano passado.
O
Ministério da Defesa da China também reagiu à estratégia de Donald Trump, a
qual acusa de exagerar e de tirar do contexto os esforços chineses para
modernizar a sua defesa nacional, segundo um comunicado divulgado na noite de
quarta-feira no seu 'site'.
"O
Exército da China continua comprometido em reforçar o intercâmbio e a
cooperação com os seus homólogos de outros países, e em assumir mais
responsabilidades a nível internacional dentro das suas capacidades",
afirmou Ren Guoqiang, porta-voz do Ministério da Defesa, citado nesse
comunicado.
Além
disso, sublinhou que a China nunca irá procurar o desenvolvimento em detrimento
do interesse de outros, mas ressalvou que também não se irá afastar dos seus
próprios direitos e interesses.
Neste
sentido, lamentou, aludindo aos Estados Unidos, que "haja certos países
que colocam os seus interesses à frente dos dos outros e acima do interesse
comum da comunidade internacional, utilizando o antiquado conceito do 'jogo de
soma zero' para etiquetar outros países e ser egoísta".
DM
// VM
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