Pequim, 10 fev (Lusa) - O editor
sueco de origem chinesa Gui Minhai surge num vídeo, quase três semanas depois
de ter sido preso pela polícia chinesa, em que confessa mal-estar e acusa
Estocolmo de o ter manipulado como um "peão de xadrez".
A AFP refere que não se sabe se
as declarações filmadas são sinceras porque, no vídeo, Gui aparece com dois
polícias, e um amigo próximo disse que o editor está a ser manipulado.
Gui, de 53 anos, que
comercializava em Hong Kong obras que ridicularizavam o regime comunista, foi
preso por polícias à civil em 20 de janeiro num comboio chinês em direção a
Pequim, onde tinha combinado um encontro com um médico especialista sueco por
temer estar com a doença de Charcot.
Na altura da detenção Gui estava
com dois diplomatas suecos e Estocolmo denunciou a intervenção como brutal e
"contrária às regras internacionais fundamentais com apoio consular".
Em 7 de fevereiro, Pequim
confirmou a detenção do editor, que assim desaparecia pela segunda vez em
circunstâncias preocupantes.
Mas Gui acusa a Suécia de ser
"sensacionalista" em relação à sua detenção num vídeo de uma
"entrevista" organizada na sexta-feira pelas autoridades com os
'media' chineses, que afirmaram terem sido escolhidos criteriosamente.
O editor adianta no vídeo ter
sido pressionado pelas autoridades suecas para deixar a China apesar de estar
proibido de deixar o território devido a assuntos jurídicos pendentes.
"Recusei numerosas vezes.
Mas porque eles me incitavam sem parar, caí na armadilha. Olhando para trás, se
calhar fui o peão da Suécia num jogo de xadrez. Violei a lei porque me
instigaram. A minha vida maravilhosa está arruinada e nunca mais confiarei nos
suecos", diz Gui, no vídeo.
Gui era um dos cinco editores de
Hong Kong que desapareceram em 2015.
O editor desapareceu durante umas
férias na Tailândia antes de aparecer num centro de detenção e de
"confessar" à televisão pública chinesa o seu envolvimento num
acidente vários anos antes.
A família de Gui não estava
disponível, mas o poeta dissidente Bei Ling, um dos seus amigos declarou não
ter "qualquer dúvida" de que o editor se queria tratar no estrangeiro
e afirma a propósito do vídeo que não se podia "acreditar nas palavras de
alguém que está oprimido como um prisioneiro".
MC // VM
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