Díli, 15 ago (Lusa) - O
primeiro-ministro timorense solicitou hoje ao Presidente da República o
adiamento 'sine die' da tomada de posse de três membros do executivo, em
"solidariedade" com um outro grupo de elementos do Governo que ainda
não foram nomeados.
O pedido - numa carta enviada
pelo chefe do Governo Taur Matan Ruak ao Presidente da República, Francisco
Guterres Lu-Olo, e a que Lusa teve acesso - confirma o impasse que se arrasta
há quase dois meses no processo de formação do VIII Governo.
Na carta, enviada hoje, Taur
Matan Ruak responde a um ofício de segunda-feira do Presidente da República que
confirmava a decisão de nomear Manuel Marçal para o cargo de ministro do
Planeamento e Investimento Estratégico.
Nesse ofício Lu-Olo propunha a
tomada de posse de Marçal e ainda dos ministros do Petróleo e Recursos
Minerais, Alfredo Pires, e do secretário de Estado das Pescas, Rogério Araújo,
para quinta-feira às 10:30.
"Venho solicitar o adiamento
'sine die' da citada cerimónia de tomada de posse, a pedido dos membros do
Governo nomeados. Mais se informa que este pedido se justifica em solidariedade
com os restantes membros indigitados para o Governo, os quais ainda não
tiveram, de V. Exca, decisão favorável de nomeação", escreve Taur Matan
Ruak.
Recorde-se que o Presidente
timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, tem recusado dar posse alguns dos membros
nomeados pelo primeiro-ministro Taur Matan Ruak, por terem "o seu nome
identificado nas instâncias judiciais competentes" ou possuírem "um
perfil ético controverso".
O impasse mantinha-se em relação
a nove nomes, sete dos quais do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense
(CNRT): Francisco Kalbuadi Lay, Virgílio Smith, Tomás do Rosário Cabral,
Jacinto Rigoberto Gomes de Deus, Hélder Lopes, Amândio de Sá Benevides, Sérgio
Gama da C. Lobo.
Os dois outros são António
Verdial de Sousa e José Manuel Soares Turquel de Jesus, ambos do Kmanek Haburas
Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO). O CNRT, o KHUNTO e o Partido Libertação
Popular (PLP) integram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), coligação
que venceu as eleições de 12 de maio com maioria absoluta.
Numa primeira cedência do
Governo, o primeiro-ministro eliminou da lista de nomeados dois dos nomes
inicialmente propostos - que estão, atualmente, envolvidos em processos já nos
tribunais: Gastão de Sousa, proposto como ministro do Planejamento e
Investimento Estratégico (MPIE) - cuja responsabilidade seria assumida por
Xanana Gusmão - e Marcos da Cruz, vice-ministro da Agricultura e Pescas, que
foi substituído por Rogério Mendonça de Aileu.
Xanana Gusmão chegou a ser
nomeado duas vezes em decretos do Presidente da República mas nunca chegou a
tomar posse e não deverá sequer integrar o executivo, apesar de liderar a AMP e
o seu maior partido.
Com a nomeação dos três novos
membros continuam a faltar nomear seis membros do Governo, incluindo o ministro
das Finanças.
ASP // MSF
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