Pequim,
14 ago (Lusa) -- O independista Andy Chan, líder do Partido Nacional de Hong
Kong, apelou hoje à liberdade do seu território do "imperialismo
chinês" e pediu ajuda aos Estados Unidos e ao Reino Unido para este fim,
durante uma conferência de imprensa.
Andy
Chan declarou que Pequim é "um grande império que tem operado durante
séculos" e para aquele país "ser diferente é estar errado", algo
que na sua opinião afeta povos como os uigures, os tibetanos e também as
populações de Xangai e Hong Kong.
O
independentista falou aos jornalistas numa conferência de imprensa organizada
pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong.
O
"império chinês", que de acordo com Chan, constitui "uma ameaça
para todos os povos livres do mundo", disse o político, sublinhando que o
Reino Unido como ex-colonizador de Hong Kong tem "uma dívida inevitável
com esta nação de liberdade e democracia".
Diante
de um público composto principalmente por jornalistas, Chan também afirmou que
"os membros da comunidade internacional e os Estados Unidos devem ver a
ameaça imperialista que vem da China".
Do
lado de fora do recinto onde ocorria a conferência de imprensa, ouviam-se
gritos de manifestantes pró-China através de um megafone.
Chan
tentou levar o seu partido às eleições locais de 2016 (o sistema eleitoral em Hong Kong não contempla
o sufrágio universal), mas a sua candidatura foi rejeitada pelo conselho
eleitoral por ter ideias separatistas.
O
ativista disse que, desde o retorno de Hong Kong à soberania chinesa em 1997, o
território ficou "cada vez menos livre" e também lembrou a chegada,
desde então, de "um milhão de imigrantes chineses que tentam alterar"
a sociedade local.
Chan,
que admitiu não ter participado nos protestos pró-democracia de 2014 (a
"revolução dos guarda-chuvas"), disse que, sob a alçada de Pequim,
Hong Kong sofre um controlo progressivo das ideias políticas e que "pensar
em independência já é ser independentista" e "consequentemente
subversivo".
"É
o filme 'Minority Report' que se transformou em realidade. Um lugar
onde dizer que é a favor da independência já significa que está a cometer
traição", disse o líder político, cuja conferência de imprensa atraiu uma
grande atenção precisamente porque as autoridades chinesas a tentaram cancelar.
O
ativista ainda alertou que o idioma cantonês, usado no sul da China e em Hong Kong , "está a
ser trocado pelo mandarim (língua oficial do país, mais usada no norte) e
poderá ser abandonado pela próxima geração".
Andy
Chan tentou dar uma palestra pública no ano passado, quando Hong Kong (que é
uma região administrativa especial, como Macau, e com mais liberdade) celebrou
o vigésimo aniversário de seu retorno à China com a visita do Presidente
chinês, Xi Jinping, mas a iniciativa foi cancelada.
Também
foi pedido pelas autoridades o cancelamento da conferência de imprensa de Chan
ao Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, mas este decidiu manter
o encontro.
O
ativista denunciou a perseguição que sofre por causa das suas ideias,
assegurando que nos últimos dias tem sido submetido a uma vigilância diária.
Questionado
se a conferência de imprensa poderá trazer-lhe alguma consequência, respondeu
que poderia ter de cumprir até três meses de prisão.
CSR
// PJA
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