Lisboa, 30 jan (Lusa) - O
secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
Francisco Ribeiro Telles, apontou hoje como prioritária uma "maior
mobilidade dos jovens" no espaço lusófono, defendendo a criação de novos
instrumentos que permitam mais circulação entre países.
"É muito importante que se
criem novos instrumentos de mobilidade entre os jovens e a minha prioridade
será conseguir uma maior mobilidade de jovens dentro do espaço da CPLP",
disse Ribeiro Telles.
O secretário-executivo da
comunidade lusófona falava hoje, aos jornalistas, em Lisboa, no âmbito da
cerimónia de abertura do "Ano da CPLP para a Juventude".
O evento, que decorreu no
parlamento português, contou com a participação de diplomatas, dirigentes de
associações de juventude dos países que integram a comunidade e de
representantes de países observadores.
Apontando que a CPLP é composta
por nove Estados-membros com instrumentos jurídicos "muito
diferenciados", Ribeiro Telles sustentou a necessidade de encontrar
"um denominador" comum que permita avançar em concreto para o
objetivo da mobilidade.
"Já há países que estão a
trabalhar nesse sentido e a ideia é que acordos bilaterais se possam
transformar num quadro multilateral para permitir uma melhor circulação",
disse, numa alusão aos acordos de facilitação e até de isenção de vistos que
têm vindo a ser assinados entre alguns países da CPLP.
A mobilidade foi, aliás, tema
recorrente nas intervenções da sessão de abertura do "Ano CPLP da
Juventude", com o secretário de Estado da Juventude de Cabo Verde, Carlos
Monteiro, em representação da Presidência rotativa da CPLP, a defender que,
neste como em outros temas, é preciso passar dos planos e da discussão para a
ação concreta.
"Não podemos continuar a
perder a oportunidade de dar avanços grandes na questão da mobilidade. Para
mim, e daquilo que sinto dos jovens, a mobilidade é uma inevitabilidade na
CPLP. Temos de assumir isso e ter coragem de dar os passos certos",
afirmou.
Carlos Monteiro defendeu, por
outro lado, que a mobilidade seria "um grande passo para fortalecer"
o sentimento de pertença desses jovens ao espaço lusófono.
O secretário de Estado cabo-verdiano
fez ainda votos que este ano possa representar um "pontapé de saída"
para a década da juventude na CPLP em que seja possível o envolvimento dos
jovens na tomada de decisões políticas e na concretização das medidas que lhes
dizem respeito.
"A juventude tem neste
momento um sentido de urgência e exige decisões concretas e são decisões que
têm que ter a juventude também no processo da sua tomada, ou seja, as decisões
para a juventude têm que ser tomadas também por jovens", disse.
O vice-presidente da Assembleia
da República, Jorge Lacão, também orador na sessão, defendeu a necessidade de
"dinamizar as condições favoráveis" para a autorização de residência
dos nacionais dos países lusófonos, o reconhecimento recíproco das habilitações
académicas e das qualificações profissionais e a portabilidade dos direitos
sociais para os trabalhadores do espaço da CPLP.
"São grandes desafios que
estão à nossa frente e, no ano em que comemoramos a relevância da juventude na
CPLP, tratar destes temas é tratar do futuro da juventude e criar condições
efetivas para a coesão" do espaço lusófono, disse.
O ministro da Educação e
Juventude português, Tiago Brandão Rodrigues, sublinhou a ideia de que a
mobilidade e o conhecimento de outras sociedades são "instrumentais para
que a tolerância e o conhecimento comum aumentem e alguns receios, infundados,
acabem por desaparecer".
"Temos que trabalhar para
que essa mobilidade seja enriquecedora e faça ainda mais sentido numa
comunidade como a CPLP", disse.
A apresentação de um programa
sobre mobilidade dos jovens no Fórum da Juventude da CPLP, em julho, é uma das medidas
do programa de atividades que serão promovidas ao longo de 2019 no âmbito do
"Ano da Juventude da CPLP", que inclui ainda um conjunto de outras
ações relacionadas com temas como educação sexual, violência de gênero, ambiente,
inclusão social ou empreendedorismo jovem.
CFF // VM
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