sexta-feira, 22 de maio de 2015

Adelino Gomes entrega a museu timorense passaporte com que entrou em Díli em 1975


Díli, 22 mai (Lusa) - O jornalista português Adelino Gomes entregou hoje ao Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli documentos da visita a Timor-Leste em outubro de 1975, em reportagem para a RTP, incluindo o passaporte com que chegou à capital.

Os documentos entregues incluem o passaporte português onde está colocado, com data de 8 de outubro de 1975 o que diz que é "possivelmente um dos primeiros carimbos" de chegada, da Fretilin.

"Não tenho carimbo de saída", disse, entregando o documento ao diretor do Arquivo e Museu, Antoninho Baptista Alves.

Adelino Gomes foi o primeiro jornalista português a chegar a Timor-Leste no período da guerra civil timorense e encontrava-se próximo da zona da fronteira quando ocorreram as primeiras incursões militares indonésias, incluindo a operação em que cinco jornalistas australianos foram assassinados.

Além do passaporte Adelino Gomes entregou uma carta do comando da Fretilin, que diz terá sido assinada por Mari Alktatiri, em que o Comité Central dá autorização de entrada no território.

"Nós chegamos a Ataúro, antes de Díli, onde estivemos vários dias. Havia um comerciante, o Frank Favarro, que ia vender arroz e outros mantimentos aos soldados portugueses a quem perguntámos como se podia entrar em Timor", recordou.

"Ele disse que só com autorização de um senhor chamado Nicolau Lobato", disse, explicando que escreveu a quem seria, a 28 de novembro, proclamado primeiro-ministro, a pedir autorização para viajar para Díli.

No dia seguinte o avião trazia a resposta, numa carta da FRETILIN.

"O Comité Central da Fretilin autoriza não só a estadia em Timor-Leste da delegação da RTP, composta por Adelino Gomes, chefe de equipa e redator, Herlander Mendes, operador de imagem, Patricio, ajudante e Jorge Teófilo, operador de som, como a sua livre circulação por todo o país, comprometendo-se a FRETILIN a dar todas as facilidades", refere a carta.

Adelino Gomes entregou ainda duas páginas com a lista de material que a equipa trazia, algo, explicou, que mostra que "algum do equipamento não era o mais avançado tecnologicamente".

Isso, recordou recentemente, foi um dos aspetos que dificultou a recolha de algumas imagens, entre as quais, as de um avião C130 militar indonésio, em Maliana, que mal se vê nas imagens recolhidas porque a câmara não tinha um zoom adequado.

A entrega dos documentos foi feita durante a apresentação em Díli do livro "Antes sem título do que sem pátria" sobre a RENETIL (Resistência Nacional dos Estudantes de Timor-Leste), mais de 600 páginas recolhidas por Carlos da Silva Lopes, Saky.

ASP // FV.

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