A
China pretende fazer com que as suas empresas do sector petrolífero reforcem as
respectivas participações em blocos de gás natural em Moçambique, onde foram
descobertas até à data reservas de dimensão mundial.
Em
particular, a empresa estatal China Huadian Corporation está a negociar com a
italiana ENI uma participação no bloco 4 da bacia do Rovuma, onde a também
estatal Sinopec comprou há 2 anos uma participação de 20%.
Na
semana passada, a agência financeira Reuters avançou que em causa está uma
participação de 15%, dos 50% que a ENI actualmente detém, mas que há outros
interessados e que a principal questão em cima da mesa é o preço.
Fontes
ligadas ao sector adiantam que a ENI não estará disposta a perder o estatuto de
operador do bloco, o que poderá afastar grandes multinacionais como a Exxon ou
a Shell, e que a duração das discussões com a Huadian já é significativa.
“Há
muito interesse chinês em Moçambique, com mais do que uma empresa de segunda
linha na disputa”, segundo fonte citada pela Reuters.
O
objectivo, não confirmado pela empresa italiana, que somente anunciou
publicamente a intenção de alienar activos para financiar o desenvolvimento de
projectos, é fechar o negócio ainda em 2015.
Há
dois anos, a CNPC pagou 4,2 mil milhões de dólares por 20% do bloco 4 do
Rovuma, superando a concorrência de vulto das principais empresas do sector na
zona onde foi identificada uma das maiores reservas recentes de gás natural –
85 biliões de pés cúbicos.
Aos
preços actuais, que já reflectem a quebra no mercado de energia no último ano,
a participação de 15% poderá valer cerca de 1,5 mil milhões de dólares.
A
Ásia aparece como o mercado natural para o gás natural moçambicano, sendo
inclusive mencionado por alguns analistas o objectivo de fazer de Moçambique um
centro de produção de gás para a China.
A
Ásia é actualmente considerado o único mercado em boas condições de
rentabilizar os investimentos já efectuados e a efectuar na produção de gás
natural liquefeito em Moçambique.
O
investigador Loro-Horta afirmou em artigo recente que a China está a afirmar-se
rapidamente “como o mais importante actor diplomático e económico em
Moçambique”, investindo milhões “sem fazer perguntas.”
As
reservas de gás natural no mar de Moçambique estão avaliadas pela concessionária
estatal Empresa Nacional de Hidrocarbonetos em 250 biliões de pés cúbicos, o
suficiente para abastecer todo o mercado mundial durante 2 anos.
Enquanto
as autoridades apontam para que a produção tenha início em 2018, a EIU
considera 2020 como um horizonte mais realista, considerando atrasos no
desenvolvimento de infra-estruturas e preocupações das empresas do sector em
relação a um excesso de oferta no mercado, entre outros factores.
Os
analistas consideram que, quando a produção estiver em “velocidade de
cruzeiro”, Moçambique será o terceiro maior produtor mundial de gás natural,
atrás apenas do Qatar e Austrália. (Macauhub/CN/MZ)
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