Díli,
15 jun (Lusa) - As aulas nas faculdades de ciências sociais e medicina e o
trabalho do Centro de Investigação Cientifica da Universidade Nacional de Timor
Lorosa'e, em Díli, estão suspensos há duas semanas, depois de ameaças de um
grupo de alunos.
O
problema arrasta-se há vários anos mas a situação tornou-se
"insustentável" no início deste mês, segundo explicou à Lusa o decano
da Faculdade de Ciências Sociais, Eurico Araújo, que referiu que hoje as aulas
deveriam ter sido retomadas, o que "voltou a não ser possível".
Outras
fontes universitárias ouvidas pela Lusa dizem que já chegou a haver ameaças de
morte escritas, deixadas contra funcionários e professores, que há
"intimidação de outros estudantes" pelo pequeno grupo de alunos e que
se detetaram tentativas de acesso a computadores das faculdades.
Sem
comentar estes detalhes, Eurico Araújo explicou que elementos de uma
autoproclamada associação de estudantes, que não está formalmente registada
como tal, têm ocupado parte do edifício há vários anos, tendo sempre procurado
interferir em assuntos da gestão das faculdades.
"O
ambiente tem estado sempre algo complicado, tentamos dialogar e conviver com os
estudantes mas sem soluções e sem conseguir resolver o problema de fundo",
referiu.
A
tensão subiu de tom no final de maio quando funcionários tentaram instalar um
novo mastro no interior do complexo, localizado na zona de Caicoli, em Díli, para
a cerimónia mensal de hastear da bandeira nacional, que deveria realizar-se a 1
de junho, segunda-feira.
"Queríamos
a cerimónia noutro sítio, sem ser à frente do edifício, porque somos muitos
professores, alunos e funcionários e a cerimónia ou interrompia o trânsito ou o
trânsito impedia que a realizássemos como dever ser", explicou.
"Os
estudantes não concordaram com esta decisão da direção da faculdade. No sábado
à tarde o mastro ficou pronto e à noite arrancaram aquilo", disse.
Na
segunda-feira quando os professores viram o mastro no chão, a faculdade pediu
explicações aos alunos tendo a tensão aumentado quando alguns professores
"movidos por sentimentos de quem não gostou de ver o mastro no chão"
e alunos se envolveram em confrontos.
A
polícia nacional acabou por ser chamada e um professor foi detido por
agressões, não tendo sido detido qualquer dos alunos.
"Perante
esta situação, considerei que não a poderia controlar e informei o reitor. A
UNTL tomou posição e o reitor por motivos de segurança, de falta de condições
psicológicas para ensinar, mandou suspender as aulas, provisoriamente",
afirmou.
Na
semana passada foi emitida uma ordem do Ministério Público para retirar os
alunos do edifício, tendo o reitor da UNTL informado que as aulas deveriam ser
retomadas esta semana.
"Deveria
ter sido feita uma limpeza e preparadas outras condições, o que ainda não ocorreu,
pelo que as aulas voltaram a não ocorrer hoje", disse o decano Eurico
Araújo.
"Talvez
consigamos retomar as aulas amanhã (terça-feira)", afirmou.
ASP
// JPS
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