Díli,
02 jun (Lusa) - O Governo timorense decretou hoje três dias de luto oficial
antes do funeral de Estado de Fernando Lasama de Araújo que decorrerá no Jardim
dos Heróis Nacionais na localidade de Metinaro, oeste de Díli, anunciou o
primeiro-ministro.
"Queremos
prestar homenagem e transmitir o sentimento de pesar ao nosso colega membro do
Governo, companheiro de luta", disse Rui Maria de Araújo aos jornalistas
depois de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
Rui
Araújo explicou que o Governo aprovou um decreto que decreta três dias de luto
nacional, tendo distribuído ainda as tarefas para a organização do funeral de
Estado, previsto para sexta-feira.
O
Governo decidiu ainda propor ao chefe de Estado, Taur Matan Ruak, a concessão
de uma condecoração a título póstumo em "reconhecimento pelo seu papel na
luta" pela libertação timorense.
Ladeado
por vários membros do Governo, Rui Araújo expressou "sentidas condolências
para a família" destacando o papel do "saudoso Lasama de Araújo"
que "dedicou a sua vida à libebrtação da pátria e do povo".
"Sofreu
um problema fatal enquanto estava a trabalhar, num encontro com professores do
min da educação", disse.
O
chefe do Governo disse que desde que lidera o VI Governo constitucional Lasama,
que era ministro Coordenador dos Assuntos Sociais e ministro da Educação
"sempre atuou com todo o sentido de Estado" e com "grande
preocupação" com o país.
"É
uma perda insubstituível. Todos nós sentimos isso e por isso estamos aqui
publicamente prestar homenagem", afirmou em conferência de imprensa.
O
velório de Lasama de Araújo deverá decorrer na sua residência oficial no bairro
Farol em Díli.
A
ministra da Saúde, Maria do Céu Sarmento Pina da Costa, explicou aos
jornalistas que Lasama se sentiu mal quando estava em Suai, a sul de Díli, numa
reunião com professores timorenses, cerca das 11:00 de segunda-feira (03:00 em
Lisboa).
Foi
aerotransportado para Díli numa avioneta do Ministério da Saúde e colocado na
unidade de cuidados intensivos do Hospital Nacional Guido Valadares.
Pina
da Costa disse que as equipas médicas "tentaram todos os esforços"
para prolongar a vida de Lasama, tendo consultado com especialistas na
Austrália, Indonésia e Singapura.
"Em
qualquer hospital era impossível salvá-lo. Os especialistas que ouvimos
disseram que 99% não se podia fazer nada", disse.
"Fizemos
apenas tratamentos paliativos", afirmou.
Fernando
Lasama de Araújo morreu hoje cerca das 08:30 hora local, tendo convergido no
Guido Valadares centenas de pessoas para uma primeira homenagem, incluindo
vários membros do Governo e outras personalidades.
Entre
eles compareceu no local o ex-presidente do Parlamento Nacional timorense,
Lu'olo, que disse à Lusa que Timor-Leste está de luto com a perda de Fernando
Lasama de Araújo, que sempre lutou pelo país, especialmente nos momentos mais
difíceis contra a ocupação indonésia.
"Todos
estamos de luto, o país inteiro está de luto", disse Lu'olo, em
declarações à Lusa, depois de prestar homenagem, na morgue do hospital de Díli,
ao ministro Coordenador dos Assuntos Sociais e da Educação timorense, Fernando
Lasama de Araújo, que morreu hoje.
"Lasama
era um homem político e contribuiu bastante para o país, apesar das grandes
dificuldades e grandes desafios. Foi um guerrilheiro, foi um lutador também.
Fica o nosso maior reconhecimento pelo que fez pelo país", afirmou.
Lasama,
que foi ainda Presidente do Parlamento Nacional e presidente da República
interino, em 2008, depois do atentado contra o então chefe de Estado, José
Ramos-Horta, foi candidato presidencial em 2007.
Secretário-geral
da RENETIL, organização que ajudou a fundar, foi detido em 1991 em Timor-Leste,
tendo cumprido seis anos e quatro meses de cadeia em Cipinang, a mesma onde
estava então detido Xanana Gusmão.
Natural
de Mautasi, Ainaro, testemunhou aos 12 anos o massacre de 18 familiares pelo exército
indonésio, segundo a sua biografia.
Era
desde fevereiro membro do VI Governo constitucional, onde ocupava os cargos de
ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Sociais e Ministro da Educação.
ASP
// DM.
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