terça-feira, 2 de junho de 2015

Governo timorense decreta três dias de luto oficial antes de funeral de Estado de Lasama


Díli, 02 jun (Lusa) - O Governo timorense decretou hoje três dias de luto oficial antes do funeral de Estado de Fernando Lasama de Araújo que decorrerá no Jardim dos Heróis Nacionais na localidade de Metinaro, oeste de Díli, anunciou o primeiro-ministro.

"Queremos prestar homenagem e transmitir o sentimento de pesar ao nosso colega membro do Governo, companheiro de luta", disse Rui Maria de Araújo aos jornalistas depois de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

Rui Araújo explicou que o Governo aprovou um decreto que decreta três dias de luto nacional, tendo distribuído ainda as tarefas para a organização do funeral de Estado, previsto para sexta-feira.

O Governo decidiu ainda propor ao chefe de Estado, Taur Matan Ruak, a concessão de uma condecoração a título póstumo em "reconhecimento pelo seu papel na luta" pela libertação timorense.

Ladeado por vários membros do Governo, Rui Araújo expressou "sentidas condolências para a família" destacando o papel do "saudoso Lasama de Araújo" que "dedicou a sua vida à libebrtação da pátria e do povo".

"Sofreu um problema fatal enquanto estava a trabalhar, num encontro com professores do min da educação", disse.

O chefe do Governo disse que desde que lidera o VI Governo constitucional Lasama, que era ministro Coordenador dos Assuntos Sociais e ministro da Educação "sempre atuou com todo o sentido de Estado" e com "grande preocupação" com o país.

"É uma perda insubstituível. Todos nós sentimos isso e por isso estamos aqui publicamente prestar homenagem", afirmou em conferência de imprensa.

O velório de Lasama de Araújo deverá decorrer na sua residência oficial no bairro Farol em Díli.

A ministra da Saúde, Maria do Céu Sarmento Pina da Costa, explicou aos jornalistas que Lasama se sentiu mal quando estava em Suai, a sul de Díli, numa reunião com professores timorenses, cerca das 11:00 de segunda-feira (03:00 em Lisboa).

Foi aerotransportado para Díli numa avioneta do Ministério da Saúde e colocado na unidade de cuidados intensivos do Hospital Nacional Guido Valadares.

Pina da Costa disse que as equipas médicas "tentaram todos os esforços" para prolongar a vida de Lasama, tendo consultado com especialistas na Austrália, Indonésia e Singapura.

"Em qualquer hospital era impossível salvá-lo. Os especialistas que ouvimos disseram que 99% não se podia fazer nada", disse.

"Fizemos apenas tratamentos paliativos", afirmou.

Fernando Lasama de Araújo morreu hoje cerca das 08:30 hora local, tendo convergido no Guido Valadares centenas de pessoas para uma primeira homenagem, incluindo vários membros do Governo e outras personalidades.

Entre eles compareceu no local o ex-presidente do Parlamento Nacional timorense, Lu'olo, que disse à Lusa que Timor-Leste está de luto com a perda de Fernando Lasama de Araújo, que sempre lutou pelo país, especialmente nos momentos mais difíceis contra a ocupação indonésia.

"Todos estamos de luto, o país inteiro está de luto", disse Lu'olo, em declarações à Lusa, depois de prestar homenagem, na morgue do hospital de Díli, ao ministro Coordenador dos Assuntos Sociais e da Educação timorense, Fernando Lasama de Araújo, que morreu hoje.

"Lasama era um homem político e contribuiu bastante para o país, apesar das grandes dificuldades e grandes desafios. Foi um guerrilheiro, foi um lutador também. Fica o nosso maior reconhecimento pelo que fez pelo país", afirmou.

Lasama, que foi ainda Presidente do Parlamento Nacional e presidente da República interino, em 2008, depois do atentado contra o então chefe de Estado, José Ramos-Horta, foi candidato presidencial em 2007.

Secretário-geral da RENETIL, organização que ajudou a fundar, foi detido em 1991 em Timor-Leste, tendo cumprido seis anos e quatro meses de cadeia em Cipinang, a mesma onde estava então detido Xanana Gusmão.

Natural de Mautasi, Ainaro, testemunhou aos 12 anos o massacre de 18 familiares pelo exército indonésio, segundo a sua biografia.

Era desde fevereiro membro do VI Governo constitucional, onde ocupava os cargos de ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Sociais e Ministro da Educação.

ASP // DM.

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