Pequim,
17 jun (Lusa) -- O último preso relacionado com os protestos pró-democracia na
praça de Tiananmen em 1989 será libertado em setembro de 2017, depois das
autoridades chinesas terem reduzido a pena aplicada em um ano, divulgou hoje
uma organização local.
Num
comunicado, a organização Dui Hua, que defende os direitos dos presos na China,
confirmou a redução da pena de Miao Deshun, que na altura dos protestos tinha
25 anos, mas sem precisar o motivo que originou esta decisão, nem o dia exato
da libertação ou o atual estado físico do detido.
"Quando
for libertado, [Miao Deshun] terá passado mais tempo na prisão do que aquele
que viveu como um homem livre", frisou a organização.
Em
1989, Miao Deshun, um operário fabril, foi detido com outros quatro amigos na
noite de 04 de junho, pouco depois de o exército chinês ter irrompido com
tanques nas ruas de Pequim e de ter acabado, com recurso à força, com quase
sete semanas de protestos pró-democracia.
A
detenção deste homem aconteceu depois de centenas -- milhares segundo algumas
fontes -- de estudantes e de trabalhadores em greve terem morrido no massacre
de Tiananmen.
Na
altura, os manifestantes estavam concentrados na emblemática praça para exigir
reformas democráticas e o fim de uma corrupção desenfreada.
Depois
de enfrentar, juntamente com outros operários, o exército chinês, o jovem Miao
Deshun, atualmente com 51 anos, foi acusado de "incêndio intencional"
por ter alegadamente arremessado um contentor contra um blindado em chamas.
Com
base nesta acusação, o regime chinês condenou Miao Deshun à morte, mas a sua
execução foi suspensa por diversas vezes, tendo sido posteriormente anulada.
Na
altura, muitos acusados foram condenados à pena capital ou à prisão perpétua,
mas as autoridades chinesas acabaram por substituir algumas destas sentenças
com penas menores.
Ao
longo dos anos, milhares de presos acabaram por ser libertados, de acordo com
os dados das organizações de defesa dos direitos humanos.
No
total, menos de 100 pessoas acabaram por ser executadas, segundo diversas
fontes.
Em
declarações à agência espanhola EFE, um ex-companheiro de cela de Miao Deshun
relatou que o homem sempre mostrou uma atitude combativa dentro da prisão.
A
organização não-governamental Defensores Chineses dos Direitos Humanos acredita
que foi este o motivo que condicionou ao longo dos anos a libertação de Miao
Deshun.
SCA
// APN
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