Anyang,
China, 05 ago (Lusa) -- A primeira ordenação de um bispo católico na China nos
últimos três anos, aconteceu na terça-feira, consagrando um padre escolhido
pelas autoridades comunistas, mas também aprovado pelo Vaticano, durante uma
cerimónia sob vigilância policial apertada.
A
ordenação do padre Joseph Zhang Yilin em Anyang, numa província do Henan
(centro), teve presente um forte dispositivo de forças de segurança, segundo a
agência noticiosa AFP.
Um
cordão policial fechou todos os acessos à igreja do Sagrado Coração de Jesus,
deixando apenas passar os titulares de autorização, obtida com várias semanas
de antecedência.
A
cerimónia foi um teste ao estado das relações entre Pequim e o Vaticano, que
não têm relações diplomáticas.
A
última ordenação na China, em Xangai, em 2012, terminou com a prisão do novo
bispo católico.
Designado
em conjunto com a Cidade do Vaticano, Mgr Thaddeus Ma Dagin rejeitou
publicamente durante a sua cerimónia de ordenação a tutela da Associação
Católica Patriótica da China -- órgão sob controlo do Partido Comunista (PCC)
encarregado de supervisionar o clero chinês.
Depois
dessa afronta, ele está, desde então, em prisão domiciliar.
De
acordo com a agência de notícias católica UCA News, Joseph Zhang Yilin fazia
parte de uma lista de potenciais bispos aprovados pelo Vaticano, antes de ser
escolhido pela Associação Patriótica, em abril passado.
Os
três bispos chineses, John Wang Renlei, Joseph Bin Shen e Yonggiang Yang, que
presidiram à sua ordenação, tinham também sido reconhecidos pela Vaticano,
afirma a UCA News.
A
presença de um bispo não reconhecido pelo Vaticano, como aconteceu no passado,
é interpretado como uma provocação de Pequim. Por outro lado, a escolha dos
bispos presentes na cerimónia de terça-feira pode ser visto como um sinal de
apaziguamento para com a Santa Sé.
Uma
centena de padres estiveram presentes na cerimónia, segundo os fiéis, incluindo
alguns padres chineses que vivem nos Estados Unidos e na Itália e que foram
para a ocasião.
A
China não reconhece a autoridade do Vaticano sobre a Igreja Chinesa, e criou a
sua própria organização, a Associação Católica Patriótica, para gerir o clero
local e os locais de culto aprovado por Pequim.
Expostos
a esta Igreja "oficial", muitos eclesiásticos chineses recusam, no
entanto, ser filiados.
Esta
é uma questão crucial para o Vaticano, como reconheceu no passado o papa
Francisco.
O país conta um total de 12 milhões de
católicos.
O
Presidente chinês, Xi Jinping, e o papa Francisco trocaram cartas formais após
as suas respetivas eleições em 2013.
Segundo
o site argentino "Infobae", o papa Francisco escreveu uma carta a Xi
Jinping, convidando-o para um encontro e para estabelecer relações, noticia a
AFP.
O
ponto da discórdia entre Roma e Pequim continua a ser a consagração de bispos
sem consentimento pontifical: para a China, renunciar ao controlo deste
processo seria limitar a sua soberania política.
Desde
a chegada ao poder de Xi Jinping, o controlo da sociedade civil e das religiões
reforçou-se significativamente na China.
AZM/VM
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