terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ativistas querem recuperar ritual de casamento Amarasi em Timor Ocidental


Kupang, Indonésia, 08 set (Lusa) - Ativistas e observadores culturais em Kupang, a capital da metade indonésia da ilha de Timor, iniciaram uma campanha para apelar à recuperação da cerimónia tradicional de casamento do antigo reino de Amarasi.

O objetivo da campanha é recuperar as tradições incutindo nos jovens uma prática que chegou a ser muito comum em Timor Ocidental, mas que praticamente desapareceu nas últimas décadas.

Hengky Abineno, um dos promotores da campanha, explicou recentemente aos jornalistas que os jovens procuram cerimónias mais modernas abandonando práticas, explica, que se aplicaram na região durante mais de 300 anos.

"Estamos preocupados que esta prática possa desaparecer em 10 ou 20 anos", disse.

Amarasi era um antigo reino no sudoeste da ilha de Timor. Em 1962 e depois de 300 anos de governação tradicional esse modelo foi suspenso pelo Governo indonésio, levando a uma progressiva erosão das práticas tradicionais.

O reino acabou por ser incluído no controlo de Kupang e hoje há, estima-se, cerca de 2.000 habitantes 'Amarasi' em quatro dos distritos da capital.

Hengky explica que o ritual de casamento Amarasi envolve vários procedimentos, incluindo visitas de familiares, uma cerimónia de proposta e a festa de casamento em si.

Na cerimónia de proposta a família do noivo, que tem que chegar sempre a horas a casa da noiva, apresenta entre cinco e sete pacotes de oferendas para o dote, com o seu valor a ser previamente determinado pelas famílias.

Para o casamento os noivos vestem trajes tradicionais: a mulher um tecido sarong com um pano tradicional kebaya bodo e um conjunto de joias da cabeça aos pés e o homem um tecido tradicional, cinto dourado e lenços na cintura e ombros.

Os apoiantes da campanha de recuperação do casamento Amarasi explicam que mais do que a cerimónia em si esta é uma oportunidade de mostrar às novas gerações aspetos antigos da sua cultura.

Por exemplo, o uso de panos tradicionais, os seus desenhos e a forma como se colocam, explica Hengky, são praticamente desconhecidos entre os jovens.

ASP // JCS

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