Díli,
07 set (Lusa) - O Governo timorense está a analisar e vai aprovar "muito
em breve" legislação compreensiva para controlar a venda e consumo do
tabaco em Timor-Leste, formalizando medidas transitórias já em vigor no país,
afirmou hoje o primeiro-ministro.
"Estamos
a dar passos concretos para o controlo do tabaco e do seu consumo em
Timor-Leste. Temos em curso uma campanha ativa que está a fazer chegar a
mensagem", disse hoje Rui Maria de Araújo.
"Estamos
a receber mensagens de escolas em zonas remotas, dizendo que os professores já
não fumam dentro das salas de aulas. E em junho aprovámos a decisão de proibir
o tabaco em todos os locais públicos de trabalho", referiu.
Medidas
"positivas", destacou, mas que continuam a ser insuficientes para
lidar com o problema do tabaco em Timor-Leste, o país do sudeste asiático com
maiores índices de consumo.
Dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 56% da população adulta e 71%
dos homens timorenses consomem tabaco regularmente sendo que entre os jovens a
percentagem é especialmente elevada (mais de 42,4%), comparativamente aos
restantes países da região, o dobro do segundo valor mais elevado (20,3), que
se regista na Indonésia.
O
primeiro-ministro timorense falava no arranque da 68ª sessão do Comité Regional
do Sudeste Asiático da OMS, que decorre entre hoje e sexta-feira em Díli com
delegações de 11 países: Bangladesh, Butão, Coreia do Norte, India, Indonésia,
Maldivas, Myanmar, Nepal, Sri Lanka, Tailândia e Timor-Leste.
O
combate ao tabaco é um dos temas na agenda de debate e uma das prioridades
atuais do Governo timorense que considera o índice de consumo "um valor
trágico e inaceitável para uma nação que quer ser prospera".
"O
tabaco está presente nas nossas ruas, nas nossas casas, é publicitado e está
presente nas nossas escolas. Timor-Leste tem que adotar legislação compreensiva
de controlo de tabaco", detalhou.
Segundo
explicou a lei que "permitirá tomar medidas concretas para controlar o
tabaco em Timor-Leste, está a circular dentro do governo para comentários"
e deverá ser aprovada "muito em breve" em Conselho de Ministros.
"Temos
que conseguir uma vontade política regional para descer os índices de consumo
de tabaco e de produtos de tabaco. Todos estamos preocupados com o aumento de
consumo nas gerações mais novas e como isto vai afetar o futuro dos nossos
países", afirmou.
Treze
anos depois de se tornar o 192º membro da OMS, Timor-Leste recebe os parceiros
regionais em Díli para "ajudar a definir as prioridades e a agenda da
complexa tarefa do setor da saúde, que afeta a vida de milhões de
pessoas".
No
caso timorense destacou o renovado esforço necessário para o combate a doenças
contagiosas como a dengue e a tuberculose e "o crescente impacto das não
contagiosas, como as doenças pulmonares e cardiovasculares".
Rui
Araújo sublinhou que a saúde "é prioridade do Governo" que quer criar
um setor de saúde "que consiga responder às necessidades eficiente e
adequadamente", especialmente no apoio a maioria da população que vive nas
zonas rurais.
Hoje,
recordou, Timor-Leste já tem mais de mil médicos formados e serviços de saúde
"sem precedentes" com programas como o de saúde na família que
pretende colmatar o isolamento "levando a saúde às pessoas".
"Até
2030 esperamos ter serviços de saúde compreensivos acessíveis a todos os
cidadãos. Uma expansão dos serviços regionais, de serviços comunitários
integrados, com investimento na formação e na reconstrução de infraestruturas
médicas", disse.
ASP // JCS
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