quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Novo aeroporto do enclave timorense de Oecusse vai custar mais do dobro do previsto


Pante Macassar, Timor-Leste, 05 nov (Lusa) - O aeroporto do enclave timorense de Oecusse deverá custar, no mínimo, cerca de 170 milhões de dólares, mais do dobro do inicialmente previsto, devido a erros, falta de informação e imprecisões no projeto inicial, segundo responsáveis da obra.

Os cerca de 80 milhões do desenho inicial do projeto não correspondiam ao seu custo real, segundo o construtor, a empresa indonésia Wika, e os fiscalizadores da obra, a empresa portuguesa ISQ.

O desenho para a construção do aeroporto foi revisto depois da equipa da ISQ, contratada pela autoridade da região autónoma para fiscalizar a obra, ter concluído que o projeto inicial era inexequível.

Nos últimos meses, a ISQ trabalhou com a construtora indonésia Wika, a quem foi adjudicada a obra, e com os responsáveis da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) para analisar o projeto inicial, tendo entretanto construído uma pista provisória, que já funcionou esta semana.

Responsáveis da Wika deram hoje a conhecer o novo desenho do aeroporto durante uma reunião da Comissão de Coordenação e Acompanhamento da Região Administrativa Especial de Oecusse Ambeno, numa apresentação aberta à imprensa.

O encontro contou com a presença do primeiro-ministro de Timor-Leste, Rui Maria de Araújo, do responsável da ZEESM, Mari Alkatiri, e de vários ministros timorenses, incluindo o do Planeamento e Investimento Estratégico, Xanana Gusmão.

Os responsáveis da Wika explicaram que o custo inicial orçamentado não era real, já que seriam necessárias obras adicionais que empurrariam o valor do projeto para entre 140 e 160 milhões de dólares.

Isso sem garantir que o aeroporto cumpria as exigências necessárias, podendo transformar-se num 'elefante branco', o que levou à revisão de todo o projeto.

Assim, foram propostos dois novos orçamentos, que variam, dependendo da área que será reclamada ao mar, entre 126 e 171 milhões de dólares.

O valor, em qualquer projeto, pode ser afetado por custos relacionados com o solo, que tem de ser reforçado. No pior cenário, o aeroporto poderá custar quase 200 milhões de dólares, com o valor mínimo a rondar os 171 milhões.

Desenhado durante o anterior Governo e entregue à ZEESM, o projeto estava inacabado, sem informação suficiente essencial para a execução da obra - incluindo os estudos de densidade do solo - e com apenas parte dos requisitos em termos de infraestruturas e outros componentes.

A avançar tal como estava desenhado, explicaram à Lusa elementos da equipa da ISQ, o projeto poderia nunca ser acabado, veria o seu custo real necessariamente inflacionado por custos adicionais e continuaria a ter limitações.

O projeto anterior implicava, por exemplo, que o aeroporto só poderia ser utilizado durante o dia e nunca com mau tempo, e veria, quase obrigatoriamente, a necessidade de alocações orçamentais adicionais.

Uma situação idêntica à que se vive na construção do aeroporto de Suai, que já teve cinco orçamentos adicionais e ainda não está concluído.

Por isso, e como detalharam hoje responsáveis da Wika, foi necessário rever o desenho para incluir os elementos que faltavam, calcular a elevação, concluir a topografia, analisar os solos e otimizar a engenharia.

É necessário um aterro médio de 1,9 metros de altura - ou cerca de 513 mil metros cúbicos - e reclamar ao mar uma área de mais de 21 mil metros quadrados.

A equipa da Wika, com o apoio dos consultores da ISQ, antecipa que a obra só estará concluída em 2018, o que permite dividir o custo ao longo dos próximos três anos, sendo que a pista e o terminal estarão em condições de funcionar a partir de 2017.

O novo aeroporto, de categoria C, permitirá movimentos de aviões com entre 150 e 180 passageiros, da dimensão dos Airbus A320-200 e Boeing 737-800, com uma pista de 2,5 quilómetros de comprimento.

O aeroporto terá capacidade para um movimento de 250 mil passageiros por ano (700 em hora de ponta).

Oecusse terá assim possibilidade de ter voos diretos para destinos num raio de 4.000 quilómetros (ou voos de cerca de cinco horas de duração), permitindo ligações com Jakarta, Surabaya, Singapura, Banguecoque e várias cidades australianas, por exemplo.

ASP // MP

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