Hong
Kong, China, 28 mar (Lusa) -- A presidente da Associação dos Advogados de Hong
Kong, Winnie Tam, considera que o desaparecimento do livreiro Lee Bo é o
incidente mais preocupante relacionado com o princípio 'Um país, dois sistemas'
desde a transição para a China.
Lee
Bo, de 65 anos e detentor de passaporte britânico, regressou a Hong Kong na
quinta-feira e voltou ao interior da China menos de 24 horas depois, na
sexta-feira, após ter pedido à polícia local para arquivar a investigação do
caso do seu desaparecimento.
Também
disse que não precisava de ajuda das autoridades ou do Governo de Hong Kong.
A
reentrada do livreiro na antiga colónia britânica na semana passada não pôs fim
à especulação de que poderá ter sido raptado em Hong Kong por agentes de
segurança do interior da China por causa da sua ligação a uma editora
especializada em livros críticos do Partido Comunista chinês.
Após
meses desparecido, Lee Bo reapareceu na China interior, sem que tenha havido
registo de quando e onde cruzou a fronteira.
Para
a líder da Associação dos Advogados, continua a haver muitas questões por
responder sobre o caso, o que provoca desconfiança sobre o respeito do
princípio ao abrigo do qual Hong Kong é governado, escreve a Rádio e Televisão
Pública de Hong Kong (RTHK).
Em
fevereiro, a Grã-Bretanha declarou que Lee Bo foi "levado contra a sua
vontade para a China" e considerou que isso constituía "uma grave violação"
do acordo concluído com Pequim antes da passagem da adminsitração de Hong Kong
para a China, em 1997.
Entre
outubro e dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty
Current e à livraria Causeway Bay Books -- que publicava e vendia livros
críticos de Pequim, -- desapareceram em circunstâncias misteriosas.
Gui
Minhai desapareceu em Pattaya (Tailândia) em outubro. Lam Wing-kee, Cheung
Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior
da China. Lee Bo desapareceu em dezembro em Hong Kong.
Todos
reapareceram depois sob tutela das autoridades chinesas, no interior da China,
não havendo registo, no caso dos dois que estavam em Hong Kong e na Tailândia,
de quando e onde cruzaram a fronteira.
Todos
surgiram também na televisão chinesa a confessar crimes ou terem ido à China
voluntariamente para colaborar com investigações policiais.
Organizações
de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos consideram que as
confissões foram feitas sob coação.
Antes
de Lee Bo, outros livreiros foram também libertados e regressaram a Hong Kong,
onde pediram às autoridades locais que deixem de investigar os respetivos
desaparecimentos, tendo voltado quase de imediato ao interior da China.
FV
(MP) // MP
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