Díli,
12 abr (Lusa) - Um homem idoso com pneumonia transferido de Maliana, a cerca de
120 quilómetros a sudoeste de Díli, foi o milésimo paciente a ser
aerotransportado em Timor-Leste desde 2007 pelo serviço da Mission Aviation
Fellowship (MAF).
Apesar
da curta distância, o voo realizado pelo piloto Daniel Moser, da MAF, foi a
única solução para o homem que, como alternativa, tinha uma difícil viagem por
estrada que poderia demorar até quatro horas a fazer.
A
transferência decorreu sem problemas mas, como explicou à Lusa Jonathan Lowe,
gestor de projeto e um dos pilotos da equipa da MAF em Timor-Leste, nem todos
os voos deste tipo decorrem sem problemas.
"Infelizmente
alguns dos pacientes que transportamos estão em condições críticas, motivo pelo
qual têm que ser transferidos para Díli de urgência, em vez de fazerem viagens
longas e duras por estrada. Alguns morrem durante a viagem", explicou Lowe.
"Um
dos casos que recordarei para sempre foi o de uma menina, mais ou menos da
idade da minha filha. Estava fraca e com dores quando a apanhámos em Oecusse,
mas 10 minutos antes de aterrar em Díli ela ficou silenciosa e morreu",
recordou.
Mas
são muitos mais os casos de êxito, em que o transporte aéreo foi essencial para
a sobrevivência dos doentes, como ocorreu no ano passado depois de um acidente
de viação grave em Suai, no sul do país.
Duas
mulheres entre as várias vítimas do acidente estavam em estado muito grave e a
perder muito sangue. Foram transportadas para Díli e depois de cirurgia
sobreviveram, embora uma tenha perdido um pé e outra parte da perna.
"Nunca
teriam sobrevivido se tivessem de fazer uma viagem de oito horas por
estrada", explicou Jonathan Lowe.
"Há
também muitos casos de complicações em partos. Ninguém quer estar preso em
Oecusse sábado à tarde, sem ferry e a precisar de uma cesariana de urgência. A
probabilidade é que sem o transporte aéreo não sobreviveria nem a mãe nem o
bebé", comentou.
Criada
há mais de 60 anos, a MAF é uma organização não-governamental de inspiração
cristã que fornece transportes aéreos em locais remotos e carenciados do
planeta, "onde voar não é um luxo mas um salva-vidas".
"Voamos
sobre montanhas, pântanos e desertos para trazer a milhares de pessoas cuidados
médicos, assistência de emergência, desenvolvimento de longo prazo e esperança
cristã", explicou Lowe.
Com
parcerias com autoridades nacionais, regionais e locais, a MAF opera atualmente
140 aviões em 30 países, estimando-se que, em média, a cada três minutos parta
um avião da ONG.
No
caso de Timor-Leste, onde opera desde 2007, a MAF está registada como uma ONG que
fornece evacuações médicas e serviços humanitários aéreos. Opera com base num
acordo com as autoridades nacionais de saúde.
Além
do apoio médico de emergência, transporta equipas governamentais e cidadãos
para vários pontos do país, muitos deles ainda de difícil acesso por estrada.
Oito
distritos de Timor-Leste têm já pistas onde podem aterrar os dois GA8 Airvans
da MAF, aviões de oito lugares que podem ser rapidamente adaptados para
transportar macas.
Em
casos de transportes médicos, a MAF fornece o avião e os serviços ambulatórios,
os médicos ou enfermeiros que acompanham o paciente.
Com
três pilotos e um funcionário em terra, a MAF operou já mais de 3.500 horas de
voo nos últimos nove anos em Timor-Leste. Muitas delas a salvar vidas.
ASP
// MP
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