terça-feira, 12 de abril de 2016

Mil pacientes aerotransportados em serviço humanitário que opera em Timor-Leste


Díli, 12 abr (Lusa) - Um homem idoso com pneumonia transferido de Maliana, a cerca de 120 quilómetros a sudoeste de Díli, foi o milésimo paciente a ser aerotransportado em Timor-Leste desde 2007 pelo serviço da Mission Aviation Fellowship (MAF).

Apesar da curta distância, o voo realizado pelo piloto Daniel Moser, da MAF, foi a única solução para o homem que, como alternativa, tinha uma difícil viagem por estrada que poderia demorar até quatro horas a fazer.

A transferência decorreu sem problemas mas, como explicou à Lusa Jonathan Lowe, gestor de projeto e um dos pilotos da equipa da MAF em Timor-Leste, nem todos os voos deste tipo decorrem sem problemas.

"Infelizmente alguns dos pacientes que transportamos estão em condições críticas, motivo pelo qual têm que ser transferidos para Díli de urgência, em vez de fazerem viagens longas e duras por estrada. Alguns morrem durante a viagem", explicou Lowe.

"Um dos casos que recordarei para sempre foi o de uma menina, mais ou menos da idade da minha filha. Estava fraca e com dores quando a apanhámos em Oecusse, mas 10 minutos antes de aterrar em Díli ela ficou silenciosa e morreu", recordou.

Mas são muitos mais os casos de êxito, em que o transporte aéreo foi essencial para a sobrevivência dos doentes, como ocorreu no ano passado depois de um acidente de viação grave em Suai, no sul do país.

Duas mulheres entre as várias vítimas do acidente estavam em estado muito grave e a perder muito sangue. Foram transportadas para Díli e depois de cirurgia sobreviveram, embora uma tenha perdido um pé e outra parte da perna.

"Nunca teriam sobrevivido se tivessem de fazer uma viagem de oito horas por estrada", explicou Jonathan Lowe.

"Há também muitos casos de complicações em partos. Ninguém quer estar preso em Oecusse sábado à tarde, sem ferry e a precisar de uma cesariana de urgência. A probabilidade é que sem o transporte aéreo não sobreviveria nem a mãe nem o bebé", comentou.

Criada há mais de 60 anos, a MAF é uma organização não-governamental de inspiração cristã que fornece transportes aéreos em locais remotos e carenciados do planeta, "onde voar não é um luxo mas um salva-vidas".

"Voamos sobre montanhas, pântanos e desertos para trazer a milhares de pessoas cuidados médicos, assistência de emergência, desenvolvimento de longo prazo e esperança cristã", explicou Lowe.

Com parcerias com autoridades nacionais, regionais e locais, a MAF opera atualmente 140 aviões em 30 países, estimando-se que, em média, a cada três minutos parta um avião da ONG.

No caso de Timor-Leste, onde opera desde 2007, a MAF está registada como uma ONG que fornece evacuações médicas e serviços humanitários aéreos. Opera com base num acordo com as autoridades nacionais de saúde.

Além do apoio médico de emergência, transporta equipas governamentais e cidadãos para vários pontos do país, muitos deles ainda de difícil acesso por estrada.

Oito distritos de Timor-Leste têm já pistas onde podem aterrar os dois GA8 Airvans da MAF, aviões de oito lugares que podem ser rapidamente adaptados para transportar macas.

Em casos de transportes médicos, a MAF fornece o avião e os serviços ambulatórios, os médicos ou enfermeiros que acompanham o paciente.

Com três pilotos e um funcionário em terra, a MAF operou já mais de 3.500 horas de voo nos últimos nove anos em Timor-Leste. Muitas delas a salvar vidas.

ASP // MP

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