sábado, 4 de junho de 2016

Alegações finais em julgamento de ex-ministras timorenses só depois de setembro


Díli, 03 jun (Lusa) - As alegações finais da defesa e do Ministério Público no julgamento de duas ex-ministras timorenses, acusadas de participação económica em negócio e administração danosa, poderão ocorrer só depois de setembro, segundo fontes judiciais.

A ex-ministra das Finanças Emília Pires e a ex-vice-ministra da Saúde Madalena Hanjam são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da antiga responsável pelas Finanças, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares.

O julgamento, que decorre desde outubro, teve hoje mais uma audiência sem que tenha sido ouvida a testemunha prevista, no caso um perito nomeado pelo Ministério Público, com o juiz a marcar nova sessão para 28 de junho.

Nesta fase final do julgamento estão a ser considerados relatórios pedidos a peritos nomeados pelo Ministério Público e pela Defesa para analisar os preços das camas hospitalares, adquiridas em 2011 e 2012, a sua comparação com os preços do mercado na altura e outros aspetos.

O Ministério Público solicitou a perícia à Polícia Cientifica de Investigação Criminal (PCIC) que nomeou um dos seus elementos, Níveo Alberto, para realizar a perícia, e a Defesa nomeou um especialista australiano em aprovisionamento.

Os dois peritos deveriam ter entregado os seus relatórios ao Tribunal até 20 de março tendo o Ministério Público pedido por duas vezes a prorrogação do prazo, solicitando reduzir a amplitude da investigação, segundo explicaram à Lusa fontes judiciais.

Depois da entrega dos dois relatórios o Tribunal marcou para hoje o que deveria ser a prestação do depoimento dos peritos, que acabou por não ocorrer por alguma polémica em torno ao relatório da PCIC.

A defesa apresentou um requerimento invocando várias irregularidades sobre o relatório da PCIC que não só não respondia às perguntas solicitadas pelo Tribunal mas que era assinado por quatro pessoas e não apenas pelo perito nomeado.

Em alternativa o Ministério Público ofereceu apresentar um relatório idêntico mas assinado apenas por Níveo Alberto, algo que foi também contestado pela Defesa por considerar isso outra irregularidade.

O juiz indeferiu o requerimento da defesa, aceitando o relatório inicial da PCIC o que acabou por tornar desnecessário a segunda versão com menos uma assinatura, cuja apresentação foi também indeferida.

A previsão é de que o perito do Ministério Público seja ouvido a 28 de junho e o da defesa a 27 de julho, no que poderá ser uma das últimas fases do processo de julgamento antes das alegações finais.

ASP // JMR

Sem comentários: