Lisboa,
21 jul (Lusa) - O antigo Presidente timorense José Ramos-Horta considera que a
Guiné Equatorial não tem feito "muitos progressos" desde que aderiu à
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), há dois anos, e defende que
a organização deve mostrar "paciência, mas firmeza".
"Não
têm havido muitos progressos em resposta às expectativas da CPLP", disse à
Lusa Ramos-Horta, antigo Presidente (2007-2011) e primeiro-ministro (2006-2007)
de Timor-Leste.
Para
o também Nobel da Paz (1996), "é preciso que a Guiné Equatorial responda a
essas expectativas da CPLP e da comunidade internacional, no próprio interesse
para a evolução positiva e pacífica da situação na Guiné Equatorial".
A
Guiné Equatorial entrou para a CPLP como membro de pleno direito a 23 de julho
de 2014, na cimeira que decorreu em Díli e quando Timor-Leste assumiu a
presidência rotativa da organização. A adesão pressupôs o respeito por um
"roteiro" que incluía uma moratória sobre a pena de morte, tendo em
vista a sua abolição, a promoção da língua portuguesa e uma maior abertura
democrática.
José
Ramos-Horta lamentou que, dois anos depois da adesão, as autoridades de Malabo
não tenham ainda abolido a pena de morte.
"Somos
totalmente contra a pena de morte. Timor-Leste não consegue conceber um país da
CPLP onde ainda prevalece a pena de morte. Que haja uma moratória, muito bem,
mas devia ser eliminada da Constituição da Guiné Equatorial", sustentou.
Questionado
sobre o que pode fazer a CPLP para acompanhar o mais recente membro,
Ramos-Horta respondeu que deve fazê-lo "com paciência, com firmeza".
O
antigo governante timorense recordou que as relações entre Estados exigem uma
gestão especial e que a CPLP "tem a sua própria forma de fazer as coisas,
os seus mecanismos, e às vezes parece não ser muito produtivo, mas não é
verdade".
"Eu
tenho essa experiência de muitos anos. Pode parecer não ter impacto, mas está a
ter, sobretudo quando as abordagens são feitas com delicadeza, mas com
firmeza", acrescentou.
Ramos-Horta
foi designado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como seu
representante na Guiné-Bissau, funções que desempenhou até ao ano passado.
O
antigo Presidente timorense foi indicado pela presidência timorense como
enviado especial da CPLP para a Guiné-Bissau e Guiné Equatorial, mas admitiu
que não conseguiu "acompanhar de perto" este país, porque assumiu
entretanto a presidência do Painel Independente de Alto Nível para as Operações
de Paz.
JH
// VM
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