Macau,
China, 21 jul (Lusa) - O presidente da associação de Macau Anima - Sociedade
Protetora dos Animais considerou que as corridas de galgos da cidade receberam
hoje o "beijo da morte" do Governo, que deu dois anos para a pista
mudar de localização ou fechar.
"Isto
é o beijo da morte", disse Albano Martins à agência Lusa, acrescentando
que "é o beijo da morte para o canídromo", mas também, por outro lado,
"provavelmente o beijo da morte para os animais".
A
Anima, com organizações de defesa dos animais de vários países, tem liderado
uma campanha internacional que se bate pelo encerramento do canídromo de Macau,
que consideram "a pior" pista de corridas de cães do mundo.
Dadas
as condições da pista, e como o canídromo já não consegue importar cães, devido
ao boicote da Austrália e da Irlanda, onde se abastecia, Albano Martins diz que
os 698 galgos que, pelas suas contas, estão agora em Macau continuarão a ser
usados e "irão desparecendo ao longo dos dois anos".
"Ou
então", a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, que explora o
canídromo, "começa já a tratar do seu negócio" e "a vender os
animais na China, no Vietnam ou no Paquistão, onde há pistas ilegais",
acrescentou.
Albano
Martins diz que a única opção para o canídromo é fechar neste prazo de dois
anos, por não haver em Macau outro espaço para uma pista de cães, e assegura
que a Anima vai continuar a bater-se para que lhe sejam entregues os galgos que
a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen tem em seu poder, para os recolocar
internacionalmente, no âmbito de campanhas de adoção.
O
presidente da Anima diz que a 11 de julho escreveu de novo ao chefe do
Executivo de Macau e ao secretário da Economia mostrando a disponibilidade da
associação para "tomar conta do espaço do canídromo por um ano", o
tempo que considera suficiente para dar um destino aos animais.
"Curiosamente,
a Nova Gales do Sul [estado da Austrália] dá um ano para fechar todas as pistas
e arranjar emprego para cerca de 10 mil pessoas. Macau, mais pequnino, dá dois
anos, enfim...", afirmou.
"Nós
geríamos o espaço, eles não tinham custos nenhuns, os custos eram nossos, nós
tratávamos do pessoal que lá está (...) O Governo, pelos vistos, achou que isto
iria violar a economia livre e portanto a economia livre é livre, os animais
podem morrer", lamentou.
O
Governo de Macau deu hoje dois anos ao canídromo da cidade para mudar de
localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para
encerrar a pista, segundo um comunicado da Direção da Inspeção e Coordenação de
Jogos (DICJ).
A
DICJ diz ainda ter optado por este prazo de dois anos para um desfecho depois
de levar em consideração "o contributo" das corridas de galgos
"para o posicionamento" de Macau como "centro mundial de turismo
e lazer" e para a diversificação do setor do jogo, assim como as
"expetativas da sociedade" e as conclusões do estudo que encomendou
no ano passado à Universidade de Macau, que não foi até agora divulgado.
As
receitas do canídromo têm vindo a cair e em 2015 cifraram-se em 125 milhões de
patacas (13,7 milhões de euros), menos 13,7% em que 2014, e menos 63% que em
2010. Representaram no ano passado 0,05% do total arrecadado por todo o setor
do jogo.
"O
canídromo não representa nada. As receitas todas do canídromo são receitas de
duas horas ou três, no máximo, dos casinos de Macau", disse Albano
Martins.
A
operar há 50 anos, o Canídromo de Macau viu a licença renovada por dez anos em
2005, pelo que se gerou a expetativa de que pudesse encerrar no final de 2015.
Contudo,
o Governo renovou a concessão da Yat Yuen por mais um ano.
MP
(DM/ISG) // APN
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