Pequim,
13 jul (Lusa) -- Pequim afirmou hoje ter "o direito" de instaurar uma
"zona de identificação de defesa aérea" (ADIZ, na sigla em inglês) no
Mar do Sul da China, um dia depois de um tribunal internacional ter decidido
contra as suas reivindicações em águas estratégicas.
"A
eventual necessidade de estabelecer uma [ADIZ] no Mar do Sul da China depende
do nível de ameaça que enfrentarmos", declarou o vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros Liu Zhenmin.
"Não
transformem o Mar do Sul da China num berço de guerra", afirmou, em
declarações aos jornalistas, insistindo: "o objetivo da China é
transformar o Mar do Sul da China num mar de paz, amizade e cooperação".
A
China reitera as suas reivindicações territoriais na região, que se estendem
por quase toda a costa de países vizinhos, depois de o Tribunal Permanente de
Arbitragem de Haia ter decidido a favor das Filipinas, considerando não haver
base legal para a pretensão de Pequim.
Liu
Zhenmin descreveu a decisão como um "pedaço de papel usado" durante
uma conferência de imprensa, alegando que o tribunal tem sido
"manipulado".
Os
cinco juízes que avaliaram o caso "fizeram dinheiro com as
Filipinas", disse ainda Liu, acrescentando que "talvez outras pessoas
também tenham ganhado dinheiro" com o processo.
Sublinhou
também que quatro dos cinco juízes são de países da União Europeia e que o
presidente, embora oriundo do Gana é um residente de longa data na Europa.
"São
estes juízes representativos?", questionou, de forma retórica.
"Entendem a cultura asiática?"
Um
antigo presidente japonês do Tribunal Internacional sobre Direito do Mar,
Shunji Yanai, "manipulou todos os procedimentos" nos bastidores,
alegou ainda o vice-ministro chinês.
Yanai,
antigo embaixador do Japão na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, deixou o
cargo em 2014.
Liu
falava nna apresentação de um 'white paper' sobre a resolução das disputas com
as Filipinas, o país que levou o caso ao Tribunal Permanente de Arbitragem, com
sede em Haia.
A
China foi "a primeira a descobrir, dar nome e a explorar e
aproveitar" as ilhas do Mar do Sul da China e as suas águas, e "tem
exercido contínua, pacífica e eficazmente" a sua soberania e jurisdição
sobre elas", refere Pequim no documento.
Pequim
boicotou os procedimentos do Tribunal Permanente de Arbitragem, afirmando que
esta instância não tem competência para se pronunciar, e lançou uma ofensiva
diplomática e publicitária para tentar desacreditar o tribunal.
A
China reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base
numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940, e tem investido em grandes
operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de
aterragem e em outras infraestruturas.
Vietname,
Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem
alimentado intensos diferendos territoriais com a China.
Em
2013, Manila levou o caso ao tribunal internacional, após 17 anos de
negociações.
DM (JOYP) // MP
DM (JOYP) // MP
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