Os
membros da CPLP aprovaram, na terça-feira, em Brasília votos de louvor ao
secretário-executivo cessante da organização, o moçambicano Murade Murargy, e
ao chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, país que presidiu a organização
nos últimos dois anos.
Na
XI Conferência de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), os países-membros reconheceram ao trabalho do
secretário-executivo cessante um “papel de liderança” no “processo de discussão
e elaboração da Nova Visão Estratégica da CPLP (2016-2026)”, que prevê uma
maior aposta na economia por parte da organização.
Murade
Murargy, que esteve à frente do secretariado-executivo durante dois mandatos de
dois anos, teve um “papel ativo na promoção da aproximação entre a CPLP e seus
cidadãos, e o seu empenho pessoal na divulgação dos objetivos, princípios e
valores da Comunidade”, consideram os países-membros.
O
mandato de Murade Murargy foi marcado pela adesão da Guiné Equatorial à
organização, muito criticada por organizações defensoras dos direitos humanos.
Esta terça-feira, os países-membros decidiram, por aclamação, expressar um voto
de louvor pela sua “dedicação, elevada competência e determinação com que
serviu a CPLP”.
Na
cimeira, os chefes de Estado e de Governo elogiaram também o Presidente
timorense, Taur Matan Ruak, pela sua “permanente disponibilidade na defesa dos
princípios e valores da CPLP e na promoção dos objetivos da Organização”.
Exemplo
disso, consideram, foi a presidência da CPLP no último biénio, com um
“permanente engajamento na prossecução dos objetivos da comunidade e os
esforços e dedicação no fortalecimento das relações entre os estados-membros”,
pode ler-se na declaração de apreço.
Em
Brasília, os chefes de Estado e de Governo lamentaram a morte, em 2016, de dois
vultos da lusofonia: o ex-presidente cabo-verdiano Mascarenhas Monteiro e o
padre Leão da Costa, protetor da língua portuguesa em Timor-Leste durante o
período da ocupação indonésia.
Sobre
Mascarenhas Monteiro, Presidente de Cabo Verde entre 1991 e 2001, a CPLP
recorda a sua contribuição basilar na instituição e consolidação da democracia”
no país.
“O
Presidente António Mascarenhas Monteiro foi o primeiro Presidente da Republica
de Cabo Verde eleito democraticamente e acérrimo defensor da causa da
liberdade” e, enquanto chefe de Estado, “conduziu a nação com a competência, a
serenidade e a generosidade, que lhe são reconhecidas e que foram fundamentais
para a afirmação do país como Estado de direito e para a sua credibilidade
internacional”.
Recordando
a sua “notável carreira enquanto jurista e magistrado”, os líderes políticos da
lusofonia evocam o seu papel enquanto um dos “Presidentes fundadores da CPLP” e
o seu “incontornável contributo para o estabelecimento dos alicerces da
Organização e na defesa dos seus objetivos.
Já
no hemisfério sul, em Díli, à frente do Externato de S. José, o padre Leão da
Costa “concentrou a sua vida em prol da educação de várias gerações de jovens
timorenses”, usando “a língua portuguesa como o maior instrumento de afirmação
inequívoca da identidade timorense”, sustentam os chefes de Estado e de Governo
da CPLP.
“Mesmo
quando foi proibido o uso da língua portuguesa no externato”, Leão da Costa
“não cedeu ao idioma malaio e, de imediato, recorreu ao tétum, também como
afirmação identitária e apoiante natural do português e, a partir daí, as duas
línguas tornaram-se aliadas ao serviço de uma única identidade, a timorense”,
concluem os dirigentes da CPLP.
SAPO
TL com Lusa – Foto: AFP Photo@ Evaristo Sá
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