Jacarta,
20 nov (Lusa) -- Mais de 10 mil indonésios saíram à rua na capital do país,
sábado, para apelar a tolerância e unidade na nação muçulmana mais populosa do
mundo, depois de a polícia abrir uma investigação por blasfémia ao governador
de Jacarta.
No
início do mês, a capital foi palco de um protesto de muçulmanos conservadores
contra o governador cristão Asuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok, em que
uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas.
Na
semana passada, a polícia declarou Ahok suspeito numa investigação por
blasfémia.
A
manifestação de sábado juntou mais de 10 mil pessoas, incluindo líderes
religiosos, deputados e membros de grupos de diretos humanos, que marcharam
junto ao Monumento Nacional e nas principais ruas da cidade.
"Estamos
aqui não para protestar mas para mostrar que não somos facilmente divididos por
questões religiosas ou políticas", disse Budiman Sujatmiko, deputado do
Partido Democrático da Luta, o maior partido do país.
A
Frente de Defensores Islâmicos, um grupo que quer impor a lei islâmica (sharia)
na Indonésia, começou a exigir a detenção de Ahok depois da circulação de um
vídeo online, em que o governador faz uma piada, perante uma audiência, sobre
uma passagem do Corão que pode ser interpretada de modo a proibir muçulmanos de
aceitarem não muçulmanos como líderes. Ahok já pediu desculpa pelo comentário.
A
blasfémia é crime na Indonésia e, segundo a Amnistia Internacional, 106
condenações foram documentadas entre 2004 e 2014, com algumas pessoas a receber
penas até cinco anos.
Ahok
é o segundo governador cristão de Jacarta desde que a Indonésia declarou
independência em 1945, e o primeiro de etnia chinesa a governar a cidade. É
popular entre a classe média de Jacarta, mas a sua posição firme contra a
corrupção e o plano urbanístico que pôs em vigor, que retirou milhares de
pobres de bairros de lata, fez com que ganhasse inimigos.
ISG//ISG
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