Jacarta,
04 nov (Lusa) -- Uma manifestação com dezenas de milhares de islamitas hoje, em
Jacarta, contra o governador da capital, acusado de blasfémia, terminou em
violentos confrontos entre a polícia antimotim e participantes que se recusavam
a abandonar o local.
A
polícia lançou granadas de gás lacrimogéneo e usou canhões de água para
dispersar alguns milhares de irredutíveis, incluindo aqueles que incendiaram
dois veículos da polícia ao fim da tarde, noticiou a agência de notícias
francesa, AFP, no local.
Registaram-se
cenários de caos junto ao palácio presidencial, no final do protesto convocado
pela Frente dos Defensores do Islão (FPI) e anunciado como pacífico.
A
FPI acusa o governador de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, um cristão de origem
chinesa, de ter recentemente insultado o Islão.
Cerca
de 50.000 pessoas, segundo a polícia, desfilaram pela capital após a oração de
sexta-feira, e a maioria dispersou antes do fim da manifestação autorizada até
às 18:00 locais (11:00 em Lisboa).
Mas
quando anoiteceu, alguns milhares de radicais começaram a atacar a polícia.
Cerca
de 18.000 polícias e militares foram mobilizados para conter qualquer risco de
descontrolo, ao mesmo tempo que foram emitidos apelos para a vigilância por
várias embaixadas instaladas na capital indonésia.
O
governador, conhecido pelo seu modo franco de falar, é acusado de blasfémia
contra o Islão, numa declaração feita no final de setembro, em que classificou
como errada a interpretação de alguns ulemas (teólogos muçulmanos) de um
versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente
muçulmano.
Perante
a dimensão tomada pela polémica, alimentada por fundamentalistas islâmicos, o
governador, alcunhado como Ahok, apresentou publicamente um pedido de
desculpas.
Mas
a ira de alguns grupos radicais, como o FPI -- grupo islâmico radical que tem
muitos adeptos na Indonésia -- não diminuiu. Uma anterior manifestação tinha já
concentrado cerca de 10.000 participantes, a 14 de outubro, em Jacarta, contra
o governador candidato à reeleição em fevereiro próximo.
Ahok,
que sucedeu no final de 2014 ao atual Presidente indonésio, Joko Widodo, na
governação da cidade, é uma figura que goza de grande popularidade junto da
opinião pública.
É
apreciado pela sua eficácia na gestão da capital de 10 milhões de habitantes,
com trânsito congestionado, onde as obras eram muitas vezes atrasadas devido a
uma burocracia pesada e à corrupção.
Mas
o seu temperamento intempestivo, pouco habitual em políticos na Indonésia,
atraiu inimizades. Grupos islâmicos radicais tentaram impedir a sua nomeação em
2014.
ANC
// VM
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