sábado, 5 de novembro de 2016

Presidente da Indonésia cancela viagem ao estrangeiro após violento protesto


Jacarta, 05 nov (Lusa) -- O Presidente da Indonésia, Joko Widodo, cancelou a sua viagem à Austrália depois de um massivo protesto de dezenas de milhares de islamitas na capital, Jacarta, ter resvalado em violência, deixando um morto e 12 feridos.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que a visita à Austrália de Joko Widodo, que deveria ter lugar entre domingo a terça-feira, vai ser remarcada porque "o atual desenvolvimento exige que o Presidente fique na Indonésia".

Joko Widodo fez um discurso à nação na noite de sexta-feira após os violentos confrontos entre a polícia antimotim e os islamitas que recusaram abandonar o local.

As dezenas de milhares de islamitas manifestavam-se contra o governador de Jacarta, exigindo a sua prisão por alegada blasfémia.

A polícia indicou que um idoso morreu na sequência de um ataque de asma, depois de ter sido exposto a gás lacrimogénio, e que outras 12 pessoas ficaram feridas, incluindo oito militares.

O Presidente da Indonésia culpou os "atores políticos" por tirarem proveito do protesto convocado pela Frente dos Defensores do Islão (FPI).

A FPI acusa o governador de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, um cristão de origem chinesa, de ter recentemente insultado o Islão.

O governador, conhecido pelo seu modo franco de falar, é acusado de blasfémia contra o Islão, numa declaração feita no final de setembro, em que classificou como errada a interpretação de alguns ulemas (teólogos muçulmanos) de um versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente muçulmano.

Perante a dimensão tomada pela polémica, alimentada por fundamentalistas islâmicos, o governador, alcunhado como Ahok, apresentou publicamente um pedido de desculpas.

Mas a ira de alguns grupos radicais, como o FPI -- grupo islâmico radical que tem muitos adeptos na Indonésia -- não diminuiu.

Uma anterior manifestação tinha já concentrado cerca de 10.000 participantes, a 14 de outubro, em Jacarta, contra o governador candidato à reeleição em fevereiro próximo.

DM (ANC) // DM

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