Macau,
China, 18 fev (Lusa) -- Mais de uma centena de carros e motos protagonizaram
hoje uma marcha lenta pelas ruas de Macau contra o aumento de taxas administrativas
relacionadas com os serviços de tráfego, exigindo a retirada do despacho que
atualizou os valores.
A
iniciativa, em protesto contra a atualização, a 01 de janeiro, de uma série de
taxas administrativas, como a de remoção de veículos que, a título de exemplo,
passou de 300 para 1.500 patacas (de 35 para 178 euros), e contra os aumentos
acentuados também para licenças, inspeção de veículos ou exames de condução,
durou aproximadamente uma hora e meia.
A
marcha lenta foi convocada por um grupo de cidadãos liderado pelos deputados
Pereira Coutinho e Leong Veng Chai, mas o primeiro faltou à iniciativa.
No
final da marcha lenta, junto à sede do Governo, Leong Veng Chai explicou que
Pereira Coutinho, que até pediu a demissão do secretário para os Transportes e
Obras Públicas, Raimundo do Rosário, por causa do aumento das taxas, não
compareceu devido "a questões privadas relacionadas com a sua
família".
Aos
jornalistas, o "número dois" de Pereira Coutinho indicou que a adesão
à marcha lenta "quase" correspondeu às expetativas iniciais, falando
na participação de entre 250 a 300 veículos.
Uma
estimativa superior à dos jornalistas (cujas contas apontam para menos de 150)
e aos números da polícia, já que, segundo a PSP, participaram na marcha lenta
111 veículos (57 automóveis e 54 motos), envolvendo cerca de 150 pessoas.
Os
veículos que participaram na marcha lenta tinham fitas verdes amarradas nos
retrovisores e bandeirolas com os carateres chineses para a palavra
"retirar", numa alusão ao objetivo do protesto.
Aproximadamente
meia centena de agentes foram destacados para acompanhar a manifestação, ainda
de acordo com a PSP, que destacou que o itinerário proposto foi cumprido e que
as viaturas desfilaram de forma ordeira e pacífica.
A
marcha lenta partiu de perto da Praça da Assembleia Legislativa, com destino à
ilha da Taipa, pela Ponte de Sai Van, regressando à península, onde foi até ao
Centro de Ciência e deu a volta, culminando no Lago Sai Van, onde representantes
do grupo que convocou o protesto entregaram petições na sede do Governo.
Os
promotores da iniciativa queixaram-se, porém, do facto de a polícia ter
separado a marcha lenta em pequenos grupos.
Segundo
constatou a agência Lusa no local, os carros foram divididos em dois grupos e
as motas saíram integrados num, partindo com uma ligeira diferença temporal.
Luís
Machado, um polícia aposentado, foi um dos que participou no protesto, montado
numa mota.
"Acho
que o governo deve pensar um pouco na parte do cidadão de Macau ou dos
condutores", disse à Lusa, considerando os aumentos das taxas "muito
exagerados".
"A
gente está à espera que mude alguma coisa", afirmou, quando questionado
sobre se acha realista a possibilidade de o Governo recuar nos aumentos das
taxas administrativas, um cenário que o Governo descartou poucos dias após os
primeiros sinais de contestação, ao sustentar que a maioria dos valores não
sofria alterações desde o final da década de 1990.
Leong
Veng Chai adiantou que o grupo de promotores do protesto pretende agora
"aguardar pelo 'feedback' do Governo".
Caso
não chegue, o grupo planeia solicitar um novo encontro com o secretário para os
Transportes e Obras Públicas, depois do "desanimador" que afirmou ter
mantido a 25 de janeiro com Raimundo do Rosário.
O
deputado esclareceu ainda que a manifestação de hoje apenas teve apenas como
objetivo pedir ao chefe do executivo que retire o despacho que eleva as taxas
administrativas e não pedir a demissão do secretário, como anteriormente.
A
08 de fevereiro, o grupo de cidadãos liderados pelos deputados Pereira Coutinho
e Leong Veng Chai convocou uma marcha lenta para dia 11, a qual acabaria por
cancelar horas depois devido a divergências relativamente ao itinerário
proposto pela polícia.
Antes,
no primeiro fim de semana a seguir à entrada em vigor das taxas
administrativas, a 08 de janeiro, uma manifestação juntou milhares de pessoas
nas ruas (1.600 segundo a polícia e 5.000 de acordo com a organização).
O
trânsito constitui uma das principais dores de cabeça em Macau, com uma
população estimada em 647.700 habitantes numa área de aproximadamente 30
quilómetros quadrados que faz com que esteja no topo das regiões com maior
densidade populacional do mundo.
No
final do ano passado, circulavam nas estradas de Macau - com uma extensão
rodoviária de 427 quilómetros - 250.450 veículos, mais de metade dos quais de
duas rodas, segundo dados oficiais.
DM
(FV/ISG) // FPA
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