Díli,
25 mar (Lusa) - Um pastor protestante que lidera a comissão nacional de luta
contra o VIH/sida em Timor-Leste considerou que a dança angolana quizomba, uma
das mais populares no país asiático, "estraga o futuro dos jovens"
que a praticam.
Citadas
na imprensa timorense, as declarações configuram a mais recente polémica
protagonizada por Daniel Marçal, responsável pela política da comissão de
retirar a promoção do uso do preservativo como medida de proteção contra o
HIV/sida.
Citado
pelo jornal Timor Post, Daniel Marçal considera que a quizomba "habitua os
jovens a dançar de forma provocativa", o que "estraga o seu
futuro", sendo preocupante que os mais novos, quando terminam a escola,
estejam a aprender a dançar desta forma.
A
notícia surge na mesma semana em que uma deputada do CNRT, o maior partido
timorense, Bendita Moniz Magno, considerou que o facebook está a contribuir
para o aumento da sida em Timor-Leste porque permite mais contactos entre os
jovens.
As
declarações, nos dois casos, foram proferidas num encontro com alunos que se
realizou na Escola Secundária Nobel da Paz no final desta semana.
Responsáveis
timorenses têm manifestado preocupação sobre as linhas orientadoras da política
seguida pela Comissão Nacional de Combate ao HIV-SIDA (CNCS) e por outras
estruturas, devido à influência da igreja, em Timor-Leste.
No
ano passado o ministro da Educação de Timor-Leste defendeu que, apesar do
conservadorismo e das posições religiosas da sociedade timorense, é essencial
aumentar os programas de educação sobre planeamento familiar e proteção contra
doenças sexualmente transmissíveis.
"São
assuntos muito delicados para tratar em Timor-Leste por causa destas posições
de cultura e do cristianismo. Mas tudo volta à educação, especialmente das
populações que ainda estão com um nível educativo muito básico que podem não
estar ainda preparadas para questões como o planeamento familiar", afirmou
António da Conceição à Lusa.
Críticas
têm sido feitas, por exemplo, ao facto de a CNCS ter deixado de fazer a
recomendação do uso de preservativos, optando por medidas de promoção do
"autocontrolo".
Esta
postura é criticada por funcionários do setor da saúde e representantes de
algumas organizações da sociedade civil que apontam para o aumento de doenças
de transmissão sexual, incluindo hepatites, e para a falta de programas
adequados de prevenção.
Questionado
sobre a alteração da política, Daniel Marçal explicou que se trata de "uma
mudança de método", que pretende "mudar mentalidades e hábitos"
e não "estimular o sexo livre".
Em
declarações à Lusa, Marçal referiu-se ao "pecado" do que definiu como
"sexo livre".
ASP
// ROC
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