Ora
bem, estava para não responder à Sra. Justa mas o imperativo pedagógico de bem
esclarecer foi mais forte.
Sra.
Justa, o seu comentário carregado de emoção (porque será?!), ao ponto de fazer
juízos de valor sobre a minha pessoa, que nem sequer conhece, alegando que
talvez houvesse como motivações “questões políticas” ou “questões económicas
privadas” demonstra que não está habituado a discutir em público, e
provavelmente em privado, porque para V. Exa. as questões de ordem ética e de
princípios não são valorizadas.
Apetece-lhe
julgar e aí vai disso... mas, eu, ao contrário de si, não irei fazer
julgamentos à sua pessoa, pelo contrário, irei esclarecer alguns aspectos da
entrevista que me parece não ter compreendido no seu todo, aliás, mostrou
grande inquietação por ter afirmado que foi um erro eliminar o português no
ensino primário. Pois, digo e repito mil vezes, foi um erro elementar!
A
Sra. Justa (já agora, porque razão não dá a cara e apresenta-se como anónimo?)
também afirmou que as minhas opiniões não são fundamentadas, chegando a
desvalorizar os contributos de Jean Piaget, que na sua opinião “devem ir para o
lixo..”.
A
fundamentação das minhas opiniões decorrem dos conhecimentos que acumulei ao
longo de muitos anos de vida académica (mestrado e doutoramento em educação, no
primeiro caso em Supervisão e Orientação Pedagógica, e no segundo em
Administração e Política Educacional), e uma vida profissional de 30 anos, para
além de estudos de investigação em educação, e talvez por estas razões “ser um
dos mais respeitados especialistas em educação do país”, algo que incomodou a
Sra Justa, vá-se lá saber as razões... Mas como para si o meu CV nada deve
significar, esqueça-o! Vou cingir-me a alguns recortes de textos extraídos da
net, não de 1936, mas de 2015 e 2017.
“Patricia
Kuhl (2015), diretora do Instituto do Cérebro e de Ciências do Aprendizado da
Universidade de Washington, nos Estados Unidos, demonstrou em sua palestra no
Simpósio Internacional em Ciência para Educação, que é na infância, mais
precisamente até sete anos, que o cérebro vive um período mágico para
aprendizado de uma segunda língua”.
“Na
maioria dos países europeus, os alunos começam a aprender línguas entre os seis
e os oito anos de idade. Ou seja, logo no 1.º ano de escola. É o que diz a
edição de 2017 do relatório “Key Data on Teaching Languages at School in
Europe” que analisou o ensino das línguas estrangeiras em 42 países e regiões
europeias”.
“A
nível da UE, 83,8 % de todos os alunos matriculados no ensino primário no ano
de 2014 estudavam uma língua estrangeira ou mais, o que corresponde a um
aumento de 16,5 pontos percentuais desde 2005. Estes dados confirmam que os
alunos estão a iniciar mais cedo a aprendizagem de uma língua estrangeira do
que no passado (Rede Eurydice, 2017)”.
Sra.
Justa, o estímulo das funções cognitivas, relacionadas ou não com a linguagem,
como a memória, o pensamento, a fala, etc., ocorre sempre que uma criança se
envolve na aprendizagem de outra língua. Por esta razão me referi a Jean
Piaget. Termino dizendo-lhe o seguinte: sou Secretário-Geral do Partido
Socialista de Timor (PST) e em várias ocasiões critiquei politicamente a
FRETILIN. Contudo, fiquei muito feliz ao ter tomado conhecimento das palavras
recentes do Primeiro-Ministro, Dr. Mari Alkatiri, na defesa intransigente da língua
portuguesa em Timor-Leste.
Disse.
Azancot
de Menezes
*M.Azancot de Menezes, Díli, é professor universitário e
Secretário-Geral do Partido Socialista de Timor (PST). Também colabora no Timor Agora.
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