O Presidente da República
timorense considerou hoje que é "inevitável" um debate político e
social alargado em Timor-Leste sobre "a introdução de um Serviço Cívico
Nacional" como caminho para fortalecer a formação de cidadania no país.
"A sobrevivência de
Timor-Leste, como país a que nos orgulhamos de pertencer, exige gente com uma
formação cívica que garanta o seu empenhamento na nossa segurança, no nosso bem
estar, na manutenção da nossa identidade", afirmou Francisco Guterres
Lu-Olo.
Francisco Guterres Lu-Olo falava
em Díli, perante as principais individualidades do país, nas cerimónias que
assinalaram hoje o 17º aniversário das Forças de Defesa de Timor-Leste
(F-FDTL).
Uma comemoração que ocorre
"num momento particularmente significativo da vida nacional" em que
se volta a questionar se Timor-Leste enquanto Estado soberano "está à
altura das suas responsabilidades" e onde, considerou, importa discutir
"a importância do relacionamento entre a Instituição Militar e o Poder
Político".
Para o Presidente, "as
chefias militares não podem ser indiferentes às mudanças que se operam no
mundo" e devem estar "atentas às grandes transformações que se
produzem na vida política e na sociedade civil em Timor-Leste, a nível de
comportamentos, valores e mentalidades".
Como "pilar fundamental da
Nação, escola de virtudes e cidadania e garante da soberania e defesa do
território", afirmou o Presidente, as F-FDTL " exercem uma importante
função social de vigilância, de prevenção e correção dos fatores de decadência
e de chamada de atenção para a defesa incontestável dos valores permanentes da
vocação timorense".
"A passagem dos valores de
cidadania é cada vez mais difícil. As alterações que se verificam na família,
na escola e nas F-FDTL, estas por passarem a incidir sobre um universo muito
restrito, faz com que nos interroguemos, preocupados, sobre quem vai no futuro
fazer essa formação de cidadania", disse.
"É por esse motivo que
entendo que um debate político e social sobre a introdução de um Serviço Cívico
Nacional em Timor-Leste, é inevitável", considerou.
Num discurso em que se referiu ao
passado das F-FDTL e à necessidade de fortalecer as capacidades técnicas e
humanas da instituição, Lu-Olo homenageou os veteranos das Falintil, o braço
armado da resistência e precursor das forças de Defesa.
Para o chefe de Estado, as F-FDTL
são um "testemunho vivo de amor pátrio e de coesão nacional", um
sentimento de "orgulho por um passado que une" os cidadãos e pelos
valores que fizeram "erguer Timor-Leste como nação livre, soberana e
independente".
A homenagem de hoje, disse, serve
para dar "visibilidade e público testemunho das capacidades de afirmação
às F-FDTL", estrutura permanentemente mobilizada "para defender os
valores éticos e humanos essenciais" do país, "traduzidos num elevado
espírito de sacrifício, abnegação, disciplina e obediência, numa permanente
disponibilidade para servir Timor-Leste".
Sublinhando o "caráter
nacional e apartidário" da instituição, Lu-Olo disse que as forças de
defesa vivem sob controlo civil, obedecendo aos órgãos de soberania, mas que "o
processo de decisão política para os assuntos de Defesa e Segurança conta com a
participação ativa dos militares".
"As chefias militares podem
e devem aconselhar a liderança política sobre aspetos técnicos ou doutrinais,
sobretudo quando têm relevância estratégica, sendo apenas executantes as ordens
do poder político legalmente instituído. As Forças Armadas têm assim,
responsabilidades perante o Governo, o Chefe de Estado e perante a sociedade
civil", afirmou.
Lusa | em SAPO TL
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