sábado, 3 de fevereiro de 2018

Presidente da República quer debate alargado sobre “serviço cívico nacional”


O Presidente da República timorense considerou hoje que é "inevitável" um debate político e social alargado em Timor-Leste sobre "a introdução de um Serviço Cívico Nacional" como caminho para fortalecer a formação de cidadania no país.

"A sobrevivência de Timor-Leste, como país a que nos orgulhamos de pertencer, exige gente com uma formação cívica que garanta o seu empenhamento na nossa segurança, no nosso bem estar, na manutenção da nossa identidade", afirmou Francisco Guterres Lu-Olo.

Francisco Guterres Lu-Olo falava em Díli, perante as principais individualidades do país, nas cerimónias que assinalaram hoje o 17º aniversário das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

Uma comemoração que ocorre "num momento particularmente significativo da vida nacional" em que se volta a questionar se Timor-Leste enquanto Estado soberano "está à altura das suas responsabilidades" e onde, considerou, importa discutir "a importância do relacionamento entre a Instituição Militar e o Poder Político".

Para o Presidente, "as chefias militares não podem ser indiferentes às mudanças que se operam no mundo" e devem estar "atentas às grandes transformações que se produzem na vida política e na sociedade civil em Timor-Leste, a nível de comportamentos, valores e mentalidades".

Como "pilar fundamental da Nação, escola de virtudes e cidadania e garante da soberania e defesa do território", afirmou o Presidente, as F-FDTL " exercem uma importante função social de vigilância, de prevenção e correção dos fatores de decadência e de chamada de atenção para a defesa incontestável dos valores permanentes da vocação timorense".

"A passagem dos valores de cidadania é cada vez mais difícil. As alterações que se verificam na família, na escola e nas F-FDTL, estas por passarem a incidir sobre um universo muito restrito, faz com que nos interroguemos, preocupados, sobre quem vai no futuro fazer essa formação de cidadania", disse.

"É por esse motivo que entendo que um debate político e social sobre a introdução de um Serviço Cívico Nacional em Timor-Leste, é inevitável", considerou.

Num discurso em que se referiu ao passado das F-FDTL e à necessidade de fortalecer as capacidades técnicas e humanas da instituição, Lu-Olo homenageou os veteranos das Falintil, o braço armado da resistência e precursor das forças de Defesa.

Para o chefe de Estado, as F-FDTL são um "testemunho vivo de amor pátrio e de coesão nacional", um sentimento de "orgulho por um passado que une" os cidadãos e pelos valores que fizeram "erguer Timor-Leste como nação livre, soberana e independente".

A homenagem de hoje, disse, serve para dar "visibilidade e público testemunho das capacidades de afirmação às F-FDTL", estrutura permanentemente mobilizada "para defender os valores éticos e humanos essenciais" do país, "traduzidos num elevado espírito de sacrifício, abnegação, disciplina e obediência, numa permanente disponibilidade para servir Timor-Leste".

Sublinhando o "caráter nacional e apartidário" da instituição, Lu-Olo disse que as forças de defesa vivem sob controlo civil, obedecendo aos órgãos de soberania, mas que "o processo de decisão política para os assuntos de Defesa e Segurança conta com a participação ativa dos militares".

"As chefias militares podem e devem aconselhar a liderança política sobre aspetos técnicos ou doutrinais, sobretudo quando têm relevância estratégica, sendo apenas executantes as ordens do poder político legalmente instituído. As Forças Armadas têm assim, responsabilidades perante o Governo, o Chefe de Estado e perante a sociedade civil", afirmou.

Lusa | em SAPO TL

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