Díli, 16 abr (Lusa) - Comícios
multitudinários, muitas referências à história de Timor-Leste e troca de
críticas pessoais e partidárias marcaram a primeira semana de campanha das
principais forças políticas candidatas às eleições legislativas antecipadas
timorenses de 12 de maio.
A semana ficou ainda marcada pelo
tema dos grupos de artes marciais em Timor-Leste, pela divulgação dos programas
partidários e por supostas mudanças de filiação de militantes de um para outro
partido ou coligação.
O primeiro quarto da campanha foi
passado fora da capital timorense, com ações de pequena dimensão em Díli e
comícios com milhares de pessoas em vários pontos do país.
Num cenário de crescente
polarização política, que marcou os últimos meses em Timor-Leste, a campanha,
que começou a 10 de abril, tem sido dominada pelas duas maiores forças
políticas: a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que
lidera a coligação do Governo, e a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP),
formada pelos três partidos da oposição.
O Partido Libertação Popular
(PLP), de Taur Matan Ruak, assentou grande parte da sua campanha de 2017 em
ataques a Xanana Gusmão e ao seu partido, o Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT), com quem se juntou agora na AMP.
A Fretilin e o PD, por seu lado,
lideram o atual Governo minoritário.
Já a terceira força política, o
Partido Democrático (PD), com menos orçamento, tem feito uma campanha em menor
escala, com comícios em vários pontos do país, e com clara menor presença nas
redes sociais.
Ao longo de toda a semana, as
duas maiores forças políticas, as principais candidatas à vitória a 12 de maio,
trocaram críticas, tanto nos comícios como nas redes sociais, com dirigentes e
militantes a atacarem diretamente os líderes políticos.
De um lado estão Xanana Gusmão e
Taur Matan Ruak, ex-líderes do braço armado da resistência timorense e números
um e dois da AMP, e do outro Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin e José
Ramos-Horta, ambos destacados líderes do braço diplomático da resistência
timorense.
Durante os últimos meses, o
debate político em Timor-Leste tem sido marcado por tentativas de
'contabilizar' quem lutou mais pela resistência à ocupação indonésia, tendência
que se consolidou na campanha.
Ainda que os partidos tenham dado
a conhecer o seu programa - com a Fretilin e o PD, parceiros no Governo, a
assentar a sua campanha no programa do executivo - os ataques pessoais, as
referências ao passado e a troca de acusações dominaram o debate.
Um dos assuntos que causou mais
polémica foi o relacionamento dos partidos com grupos de artes marciais, em
particular depois da divulgação de imagens de Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak a
serem 'jurados' no grupo Korka, considerado um dos que apoia o partido KHUNTO,
que com o CNRT e o PLP foram a AMP.
Nos mesmos dias foram divulgadas
imagens de Mari Alkatiri num encontro com elementos de outros grupos de artes
marciais, nomeadamente a PSHT.
O tema da corrupção e do
nepotismo marcou também o debate, com troca de acusações entre os principais
partidos e a AMP a divulgar uma lista de empresários alegadamente próximos da
Fretilin que beneficiaram de contratos nos anteriores Governos liderados pelo
CNRT.
Um dos nomes mais mencionados
esta semana foi o de Abílio Araújo, um dos fundadores da Fretilin que no ano
passado apoiou a campanha do Partido Libertação Popular (PLP) e que, desta
feita, se colocou ao lado da Fretilin, descontente com a coligação da oposição.
Outro dos nomes com muitas
menções na semana foi o de Lúcia Lobato, ex-ministra da Justiça de um dos
Governos de Xanana Gusmão e que foi condenada em 2012 por participação
económica em negócio, que declarou o seu apoio à Fretilin.
Ainda mais do que no ano passado,
as redes sociais voltam a tornar-se um megafone importante para as campanhas,
com os principais partidos e coligações a divulgarem dezenas de vídeos, fotos e
artigos de todos os pormenores da campanha.
A máquina eleitoral continua esta
semana fora da capital timorense.
ASP // FPA
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