sábado, 11 de agosto de 2018

Indonésia necessita de mais prisões e de vigiar 'jihadistas' -- Relatório


Jacarta, 10 ago (Lusa) -- A Indonésia precisa de mais prisões de segurança máxima, de programas para prevenir a radicalização e de vigilância de 'jihadistas' libertados, defende um relatório de um instituto de análise política indonésio divulgado hoje.

Entre janeiro de 2017 e maio de 2018, 70 'jihadistas' foram libertados de prisões indonésias e, até dezembro de 2019, outros 74 deverão sair, segundo o relatório do Institute for Policy Analysis of Conflict (IPAC, Instituto de Análise Política de Conflito).

Entre janeiro de 2017 e maio de 2018, por outro lado, cerca de 400 'jihadistas' foram detidos, graças a uma nova lei antiterrorista aprovada este ano.

No passado, as libertações regulares mantiveram a situação nas prisões controlável, mas, com o novo quadro legal, o ritmo das libertações vai abrandar e os detidos serão condenados a penas mais longas, fazendo aumentar a população prisional, alerta o relatório.

Para os autores do documento, "o sistema prisional vai entrar em crise, apesar da construção de novas instalações de segurança máxima".

Por outro lado, sublinham, "a Indonésia tem de começar a pensar agora o que vai acontecer com as pessoas vinculadas ao Estado Islâmico que começam a sair" das prisões.

Dos 144 'jihadistas' libertados entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, 53 são militantes do grupo Mujahidines da Indonésia Oriental (Mujahidin Indonesia Timur, MIT), uma das primeiras organizações a declarar obediência ao líder do EI, Abu Bakr al-Bagdadi.
A maioria dos MIT regressará a Poso, Sulawesi (centro), zona de operações do grupo.

"Isto representa um fardo para o governo local, que terá de lançar programas eficazes de reabilitação dos presos, ex-presos e suas famílias", lê-se no relatório.

"Felizmente, a polícia de Poso parece ter um programa de reabilitação útil, mas também este ficará sobrecarregado pelo elevado número de regressos", acrescentam os relatores.

A Indonésia é o país com mais muçulmanos do mundo, que ascendem a 87% da população, de 260 milhões de pessoas, e tem ativos no seu território dezenas de grupos extremistas com décadas de existência.

O relatório refere que a filiação dos detidos libertados ilustra a complexidade do problema da Indonésia com o terrorismo, havendo membros de grupos com ligações ao EI, mas muitos mais de grupos extremistas violentos de diferentes pontos do país que existem em alguns casos há três gerações.

MDR // EL

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