Jacarta, 10 ago (Lusa) -- A
Indonésia precisa de mais prisões de segurança máxima, de programas para
prevenir a radicalização e de vigilância de 'jihadistas' libertados, defende um
relatório de um instituto de análise política indonésio divulgado hoje.
Entre janeiro de 2017 e maio de
2018, 70 'jihadistas' foram libertados de prisões indonésias e, até dezembro de
2019, outros 74 deverão sair, segundo o relatório do Institute for Policy
Analysis of Conflict (IPAC, Instituto de Análise Política de Conflito).
Entre janeiro de 2017 e maio de
2018, por outro lado, cerca de 400 'jihadistas' foram detidos, graças a uma
nova lei antiterrorista aprovada este ano.
No passado, as libertações
regulares mantiveram a situação nas prisões controlável, mas, com o novo quadro
legal, o ritmo das libertações vai abrandar e os detidos serão condenados a
penas mais longas, fazendo aumentar a população prisional, alerta o relatório.
Para os autores do documento,
"o sistema prisional vai entrar em crise, apesar da construção de novas
instalações de segurança máxima".
Por outro lado, sublinham,
"a Indonésia tem de começar a pensar agora o que vai acontecer com as
pessoas vinculadas ao Estado Islâmico que começam a sair" das prisões.
Dos 144 'jihadistas' libertados
entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, 53 são militantes do grupo
Mujahidines da Indonésia Oriental (Mujahidin Indonesia Timur, MIT), uma das
primeiras organizações a declarar obediência ao líder do EI, Abu Bakr
al-Bagdadi.
A maioria dos MIT regressará a
Poso, Sulawesi (centro), zona de operações do grupo.
"Isto representa um fardo
para o governo local, que terá de lançar programas eficazes de reabilitação dos
presos, ex-presos e suas famílias", lê-se no relatório.
"Felizmente, a polícia de
Poso parece ter um programa de reabilitação útil, mas também este ficará
sobrecarregado pelo elevado número de regressos", acrescentam os
relatores.
A Indonésia é o país com mais
muçulmanos do mundo, que ascendem a 87% da população, de 260 milhões de
pessoas, e tem ativos no seu território dezenas de grupos extremistas com
décadas de existência.
O relatório refere que a filiação
dos detidos libertados ilustra a complexidade do problema da Indonésia com o
terrorismo, havendo membros de grupos com ligações ao EI, mas muitos mais de
grupos extremistas violentos de diferentes pontos do país que existem em alguns
casos há três gerações.
MDR // EL
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