Pequim, 22 set (Lusa) - A China
cancelou as conversações previstas com os Estados Unidos sobre as tarifas
alfandegárias e não deve reunir-se com as autoridades norte-americanas até
depois das eleições intercalares de novembro, noticia hoje a Bloomberg.
De acordo com a agência de
informação financeira, que cita pessoas conhecedoras dos planos, mas sem as
identificar, os responsáveis chineses recuaram na ideia de se reunir com os
norte-americanos na próxima semana.
Para além de novas tarifas que
abrangem 200 mil milhões de dólares de bens chineses, que vão entrar em vigor
na segunda-feira, a decisão do Departamento de Estado dos EUA de decretar
sanções contra a China contribuiu para o cancelamento da reunião, explica a
Bloomberg, que acrescenta não haver ainda uma posição oficial de Pequim.
"Seria como ir lá a pedir um
insulto se a China avançasse com as negociações depois de os EUA terem
anunciado nas sanções e tarifas", comentou Shi Yinhong, professor de
Relações Internacionais da Universidade chinesa de Renmin.
Na terça-feira, Pequim anunciou a
imposição de novas taxas alfandegárias a bens norte-americanos que representam
60 mil milhões de dólares (51 mil milhões de euros) de importações anuais na
China, em resposta ao anúncio norte-americano no mesmo sentido.
"Se os Estados Unidos
insistirem em aumentar ainda mais as suas taxas alfandegárias, a China
responderá do mesmo modo", adiantou o governo chinês num comunicado
divulgado pelo Ministério das Finanças.
O Presidente norte-americano,
Donald Trump, anunciou na segunda-feira novas taxas alfandegárias sobre um
total de 200 mil milhões de dólares (171 mil milhões de euros) de importações
oriundas da China, cerca de 40% das importações vindas deste país.
O executivo de Pequim já tinha
manifestado a sua perplexidade com as "novas incertezas" decorrentes
do anúncio feito enquanto decorrem negociações entre a China e os Estados
Unidos para regular o seu diferendo comercial.
Em junho passado, Trump impôs
taxas de 25% sobre 50 mil milhões de dólares (43 mil milhões de euros) e Pequim
retaliou com impostos sobre o mesmo montante de bens importados dos Estados
Unidos.
De acordo com o comunicado da
Casa Branca, as novas taxas "começam a vigorar em 24 de setembro e serão
de 10% até ao final do ano. Em 01 de janeiro, as taxas serão elevadas para
25%".
"Se a China tomar medidas de
represália contra os nossos agricultores ou outras indústrias, vamos aplicar
imediatamente a Fase 3, isto é, taxas alfandegárias sobre cerca 267 mil milhões
de dólares de importações suplementares", adianta Trump no mesmo
comunicado.
MBA // FPA
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