Díli, 11 out (Lusa) - Várias
organizações timorenses apelaram hoje às autoridades para que reforcem a
proteção do ambiente marinho de Timor-Leste, consolidando a região como um
santuário para baleias e golfinhos, essencial para um modelo de ecoturismo
sustentável.
"Apoiamos fortemente a
proteção de nossos oceanos e ecoturismo como parte de planos para uma economia
mais diversificada e sustentável", referiram as organizações
não-governamentais (ONG), notando que uma grande percentagem da população
"já depende da vida marinha e costeira para alimentação, nutrição e
rendimento familiar".
"Se desenvolvido
apropriadamente, com base nos esforços existentes do Governo, a observação de
baleias e o ecoturismo têm o potencial de trazer benefícios económicos
significativos para as comunidades locais", de acordo com uma declaração
conjunta das ONG.
A declaração é assinada por 13
organizações timorenses, entre elas, a La'o Hamutuk, a Haburas Foundation -
Friends of the Earth TL, a PERMATIL, o HASATIL Network e o Movimentu Hadomi
Natureza (Mohana).
Assinaram também o documento a
Conservation Flora and Fauna, a Tafon Green Association, a HAK Association, a
Rede ba Rai, o Kdadalak Sulimutu Institute, o Movimentu Tasi Moos, a Oxfam em
Timor-Leste e a RENETIL.
A declaração foi publicada na
véspera da chegada a Díli do ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro
Kono, numa altura em que
Tóquio tem desenvolvido intensas negociações em vários países
para levantar a proibição da caça à baleia.
"Considerando os recentes
movimentos do Governo do Japão em apoio à caça das baleias, estamos preocupados
que a questão possa surgir durante a visita do ministro dos Negócios
Estrangeiros do Japão a Timor-Leste", indicaram no texto.
"Desejamos deixar claro o
nosso forte apoio a que Timor-Leste permaneça um santuário para as baleias e os
golfinhos", sublinharam.
As ONG destacaram "o
ambiente natural único e o património valioso" do país e sublinharam o
apoio do Governo timorense ao desenvolvimento do ecoturismo marinho e à proteção
da vida marinha.
Um sinal desse apoio foi a
aprovação, em Conselho de Ministros, do "Plano de Desenvolvimento para uma
Economia Sustentável do Ecoturismo Marinho em Timor-Leste" para
transformar o país numa "referência em turismo de mergulho e observação de
baleias no Sudeste Asiático".
A aposta na diversificação
económica e em políticas sustentáveis, que salvaguardem o "frágil
património ambiental natural" timorense, podem ajudar a gerar grandes
potenciais no país, defenderam.
"Juntamente com o nosso
ambiente agrícola essencialmente orgânico, jardins de permacultura, belas
praias e recifes de corais vibrantes, baleias e golfinhos fazem parte do nosso
tesouro nacional, marcando Timor-Leste como único no mundo e aumentando as
possibilidades de impulsionar o turismo nacional e internacional",
referiram.
"O ecoturismo marinho, no
entanto, só pode florescer se formos capazes de administrar os nossos recursos
adequadamente e proteger as nossas baleias e os golfinhos das várias ameaças
que enfrentam, como a caça comercial e os detritos plásticos", advertiram.
Ameaças destacadas na reunião de
setembro em Florianópolis, no Brasil, da Comissão Baleeira Internacional (CBI),
organização de 89 países responsáveis pela conservação das baleias.
Nesse encontro, o Japão
apresentou uma proposta controversa, apoiada por 25 outros membros, que
procurava remover a proibição a longo prazo, promovendo, em vez disso,
"uma coexistência" entre conservação e caça comercial. A proposta foi
rejeitada.
"Timor-Leste deve estar em
solidariedade com os membros da CBI que procuraram proteger baleias e
golfinhos. Devemos nos opor à chamada 'pesca sustentável de baleias' porque na
verdade isso não existe", de acordo com a declaração.
"Baleias e golfinhos são
mamíferos, não peixes, e são caçados, não pescados. Precisamos garantir que as
nossas políticas nacionais combatem o forte 'lobby' pró-caça às baleias",
concluiu.
ASP
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