Díli, 11 out (Lusa) -- O
Presidente da República timorense disse hoje que é favorável à renovação do
mandato de Lere Anan Timur como comandante das Forças de Defesa de Timor-Leste,
explicando que já deu a conhecer essa posição ao chefe do Governo.
Os comentários de Francisco
Guterres Lu-Olo surgem numa altura em que a decisão sobre o comando das F-FDTL
está novamente envolta em polémica com diferenças de opinião entre o
primeiro-ministro e o Presidente relativamente à continuação do mandato do
atual comandante.
Fontes do executivo confirmaram à
Lusa que o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, não concorda com a renovação do
mandato de Lere Anan Timur.
Questionado hoje sobre o assunto,
Francisco Guterres Lu-Olo indiciou que a sua posição é favorável à manutenção
de Lere Annan Timur no cargo, algo que, disse, já comunicou ao
primeiro-ministro.
Fontes do executivo explicaram à
Lusa que em causa está agora uma interpretação sobre uma
"não-decisão" do Conselho de Ministros relativamente a uma proposta
apresentada pelo ministro da Defesa, Filomeno Paixão (até junho número dois das
F-FDTL), que defendia prolongar o mandato de Lere Anan Timur durante mais um
ano.
Durante a reunião da semana
passada do Conselho de Ministros, onde a proposta foi debatida, Taur Matan Ruak
terá manifestado a sua oposição à proposta - ecoando argumentos que teve sobre
o mesmo assunto na polémica anterior, quando era ainda chefe de Estado -,
explicaram fontes do executivo.
Apesar disso, Ruak disse que
deixaria a decisão ao Conselho de Ministros, como órgão colegial, mas os
ministros acabaram por não tomar uma decisão, "nem contra, nem a
favor", explicaram as mesmas fontes.
Formalmente, o Conselho de
Ministros não aprovou a proposta de Paixão sendo que a não-decisão foi
comunicada ao Presidente da República pelo primeiro-ministro como representando
um chumbo.
O Governo ainda não apresentou,
como previsto na lei, qualquer proposta para a substituição de Lere Anan Timur.
A lei obriga a que essa proposta
seja remetida pelo Governo ao Presidente da República, que delibera depois de
ouvir o Conselho Superior de Defesa e Segurança (CSDS), cuja opinião não é
vinculativa.
A questão da sucessão no comando
das F-FDTL causou um dos maiores momentos de tensão em 2016 entre o Governo da
altura e o então Presidente Taur Matan Ruak (que foi antecessor de Lere no
comando das FDTL), que chegou a exonerar o comandante, a anunciar depois a
promoção de Filomeno Paixão para o cargo e a recuar nas duas decisões, acabando
por prolongar os mandatos.
Isso levou o executivo a aprovar
uma alteração ao estatuto dos militares para permitir ampliar
extraordinariamente o comando das F-FDTL.
ASP // VM
Sem comentários:
Enviar um comentário