Díli, 06 nov (Lusa) - A
participação de Timor-Leste no consórcio do Greater Sunrise pode representar um
custo de 2,5 mil milhões de dólares para os cofres timorenses na fase de
'upstream' (exploração) do projeto, disse hoje o representante para o Mar de
Timor.
Segundo Xanana Gusmão, este valor
soma-se aos 350 milhões de dólares para a compra da participação de 30% à
petrolífera ConocoPhillips - acordada em setembro e a concretizar até 31 de
março de 2019 - e a um valor de até cinco mil milhões para a fase de
'downstream', disse hoje à Lusa.
Em projetos petrolíferos, o
'upstream' abrange as atividades de exploração, perfuração e produção e o
'downstream' as atividades de transporte, distribuição e comercialização.
O negociador principal de
Timor-Leste para as questões das fronteiras e dos recursos do Mar de Timor
disse que nem todo esse valor terá que sair dos cofres timorenses, explicando
que está "à procura de parceiros", particularmente na região, que
queiram investir.
Xanana Gusmão falava à Lusa
depois de participar, durante quatro horas, numa audição pública à porta
fechada realizada pelas comissões C e D do parlamento timorense que estão a
considerar uma alteração legislativa para permitir a Timor-Leste concretizar a
compra da participação da ConocoPhilips.
Questionado sobre se o investimento
na compra da participação será a única despesa associada ao projeto de Greater
Sunrise em 2019, Xanana Gusmão não foi muito claro, notando apenas que as
contas apontam que o custo para Timor-Leste, na fase 'upstream' do projeto,
será de 2,5 mil milhões de dólares.
"No nosso caso, há um
cálculo por alto de que os 30% equivalem a 2,5 mil milhões no projeto
'upstream', entre o momento da aprovação [do modelo de exploração] até à
exploração", explicou.
Em causa está o custo que
representará para Timor-Leste, o investimento necessário para o desenvolvimento
dos campos Sunrise no Mar de Timor, tendo ainda de se somar o custo da
construção do gasoduto até à costa sul e toda a infraestruturas em terra.
Essas obras inserem-se no
"Tasi Mane", um projeto de desenvolvimento de toda a costa sul do
país que inclui a construção da Base de Apoio de Suai - zonas logísticas,
residenciais e industriais -, a refinaria de Betano, uma unidade de
processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), um porto e o gasoduto até ao
Greater Sunrise.
O consórcio do Greater Sunrise é
liderado pela australiana Woodside, a operadora (com 34,5% do capital), e
inclui a ConocoPhillips (30%), a Shell (28,5%) e a Osaka Gas (10%).
A participação da ConocoPhillips
passará a ser detida, quando se concretizar o negócio, pela petrolífera
timorense Timor Gap.
As restantes parceiras do
consórcio tinham-se oposto à opção do gasoduto para Timor-Leste, mas nunca
carta enviada a Xanana Gusmão na segunda-feira, consultada pela Lusa, o diretor
executivo da Woodside, Peter Coleman, mostra-se aberto a apoiar a preferência
de Timor-Leste para a construção de um gasoduto para o sul do país, ainda que
participando "como fornecedor de serviços".
A petrolífera diz que continua
empenhada "no desenvolvimento dos recursos do Greater Sunrise para
benefício de todas as partes" e "entende a preferência de Timor-Leste
pelo desenvolvimento através de um gasoduto para a costa sul de
Timor-Leste".
"A Woodside está disponível
para apoiar a preferência de Timor-Leste para o desenvolvimento, como
investidor e operador no 'upstream'. De momento, o gasoduto 'downstream' e a
unidade de processamento não cumprem os passos internos de investimento da
Woodside", explica.
"Apesar de não ser
investidor no gasoduto e unidade, a Woodside pode considerar um potencial
modelo operacional para, como fornecedora de serviços, apoiar as
operações", refere.
O calendário para a concretização
do projeto demora ainda vários anos, e começa pela conclusão das negociações de
acordos de transição para a gestão de todos os recursos que estão atualmente a
ser explorados no Mar de Timor, com a jurisdição - e as receitas - até agora
partilhadas entre Timor-Leste e a Austrália a passar exclusivamente para
Timor-Leste, no âmbito do novo tratado de fronteiras marítimas.
"São questões menores que
estão agora mesmo a ser resolvidas", disse Xanana Gusmão.
Xanana Gusmão explicou que o
plano de desenvolvimento deverá ser aprovado até ao primeiro trimestre de 2021,
submetido aos reguladores, podendo a construção começar no final desse ano e
estar concluída no último trimestre de 2025.
Timor-Leste começaria a produzir
gás, e a gerar receitas, a partir de 2026.
ASP // VM
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