Lisboa, 27 jan (Lusa) - A
ex-diplomata e atual eurodeputada socialista Ana Gomes disse hoje que, quando
terminar o mandato, pretende dedicar-se a escrever sobre o processo de
independência de Timor-Leste visto de Jacarta, onde foi embaixadora.
Ana Gomes, que integra o grupo
parlamentar europeu do Partido Socialista, anunciou recentemente que não se
recandidatará nas eleições europeias de maio.
"Quando sair do parlamento,
a primeira coisa que tenho obrigação de fazer é enfiar-me nos arquivos do
Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) a escrever o processo de Timor visto
de Jacarta", disse.
Ana Gomes falava à agência Lusa a
propósito da passagem dos 20 anos das declarações históricas do Presidente
indonésio Habibie, admitindo a independência do território após consulta
popular, que hoje se assinalam.
A atual eurodeputada integrou a
equipa de negociadores portugueses no processo sobre a autonomia de
Timor-Leste, entre 1999 e 2000 chefiou a Secção de Interesses Portugueses na
Embaixada da Holanda, em Jacarta, e entre 2000 e 2003 foi embaixadora de
Portugal na Indonésia.
"Eu e a minha equipa
escrevemos muito nessa altura e sabíamos que estávamos a escrever para a História.
Se não conseguir escrever, 60% já está lá, mas gostava de completar com os 40%
de que ainda me lembrar", disse.
Nas declarações à Lusa, Ana Gomes
defendeu também que, no ano em que se assinalam os 20 anos do referendo sobre a
autonomia de Timor-Leste que conduziu à independência do país, Portugal deve
condecorar três altos funcionários das Nações Unidas, que considera terem sido
"peças-chave" de todo o processo.
"Gostava que estes 20 anos
do referendo propiciassem que o Estado português atribuísse condecorações a
dois homens - Francesc Vendrell e Tamrat Samuel - que foram chave neste
processo por parte das Nações Unidas", disse.
"Depois acrescentaria Ian
Martin pelo papel no período crucial da Missão das Nações Unidas em Timor-Leste
(UNAMET)", prosseguiu.
Para Ana Gomes, Francesc Vendrell
e Tamrat Samuel, "merecem como ninguém uma condecoração de agradecimento
do Estado português pelo trabalho extraordinário que fizeram por Timor-Leste,
ajudando Portugal na condução deste processo".
CFF // PVJ
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