Hera, Timor-Leste, 12 jan (Lusa)
- O Presidente da República timorense defendeu hoje investimento adequado na
componente naval das forças de defesa do país, especialmente em navios com
"capacidades flexíveis e polivalentes" para garantir a proteção dos
recursos marítimos e da soberania nacional.
"As Marinhas são
dispendiosas, mas constituem um investimento necessário. Não as mantendo,
facilmente desaparecem", disse hoje Francisco Guterres Lu-Olo em Hera, a
leste da capital timorense.
"Não nos podemos dar ao luxo
de duplicar meios, razão pela qual importa dispor do financiamento adequado
para investir na componente naval em navios com capacidades flexíveis e
polivalentes capazes de assegurarem um leque amplo de missões e para realizar
todas as ações de manutenção necessárias à prontidão operacional destes
meios", afirmou.
Lu-Olo falava na zona de Hera, a
leste de Díli, nas comemorações do 17.º Aniversário da Componente Naval das
Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
O chefe de Estado considerou que
a ação da componente naval é "fundamental para a segurança e para a
atividade marítima de Timor-Leste" e que, por isso, "importa melhorar
as necessárias condições de manutenção em terra da frota naval e prosseguir com
o reforço da capacidade de vigilância e fiscalização dos espaços marítimos sob
soberania e jurisdição do Estado de Timor-Leste".
"Este grande desafio exige
que o Estado dê a devida prioridade ao mar, garantindo a sua boa
governação", afirmou.
A escassez de recursos, disse,
obriga à criação de um modelo de Sistema Nacional de Autoridade Marítima
"adequado à realidade timorense que garanta a colaboração de todas as
entidades e instituições civis, militares e policiais, públicas ou privadas,
que possam contribuir para um ambiente de segurança marítima".
"Nesse sentido, a legislação
nacional tem vindo a reforçar o modelo de duplo uso, em que a componente naval
desempenha as típicas tarefas militares, em paralelo com tarefas não militares,
ligadas à segurança marítima e ao exercício da autoridade pública no mar",
disse.
O chefe de Estado reiterou a
importância do mar como "desígnio nacional e estratégico e como uma das
prioridades nacionais", mas recordou os desafios que a construção da
componente naval tem enfrentado.
"Não foi e não é tarefa
fácil transformar guerrilheiros, habituados a uma luta de sobrevivência, numas
Forças Armadas convencionais e, muito menos, transformá-los em marinheiros
qualificados para servir no mar. Contudo, apesar de Timor-Leste não ter
tradição de mar, já conseguimos algum sucesso no desafio da transformação de
mentalidades", acrescentou.
Com uma costa de 700 quilómetros e
recursos marítimas importantes, relembrou Lu-Olo, o Estado deve "proteger
o mar e criar condições para que passe a desempenhar também um papel importante
no desenvolvimento socioeconómico do país e, em especial, na vida das
populações costeiras".
"Comemorar o Dia da
Componente Naval é também afirmar a importância estratégica do mar, sendo este
um dos maiores desafios do nosso País: a forma como encarar a sua relação com o
mar", disse.
"A ausência do exercício de
soberania em águas de Timor-Leste foi sempre um problema presente. É portanto,
essencial garantir a ocupação efetiva dos espaços sob soberania e jurisdição
nacional, evitando vazios que outros tenderão a preencher", sustentou.
Durante as cerimónias de hoje
foram plantadas 10 arvores -- de 200 distribuídas pelo Ministério da
Agricultura e Pescas --, simbolizando a necessidade de proteger o ambiente do
país.
"Quero também chamar a
atenção dos militares para a importância de cuidarmos da natureza para que
possamos continuar a viver em ambiente saudável. Proteger a natureza é um
dos compromissos assumidos por mim, no dia da minha tomada de posse",
disse.
ASP // JMC
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