O
leitor do Instituto Camões em Goa sustenta que “não é bem verdade” que
“ninguém” fale português no território que se tornou independente de Portugal
há 50 anos.
“[Os
turistas portugueses] vêm a Goa e ficam um pouco escandalizados, ‘ah, ninguém
fala português’. É preciso compreender que… depois de 1961, quando é que nós
voltámos à Índia? Voltámos já no final da década de 1980 e, portanto, perdemos
uma ou duas gerações”, realça Delfim Correia da Silva, também responsável pelo
Centro de Língua Portuguesa em Goa.
“O
que é louvável é que o Português se manteve, apesar de tudo, apesar das grandes
dificuldades, porque foi gradualmente sendo substituído pelo inglês, na
administração, a todos os níveis, no ensino… Apesar de tudo, o português
continua a ser ensinado nas escolas”, contrapõe.
Antes
de 1961, as pessoas “eram forçadas a aprender português e essas (…) agora têm
60 ou 70 anos”, mas o português continua a ser leccionado no ensino oficial e
“há imensa gente, sobretudo jovens” a aprendê-lo, insiste Delfim Correia da
Silva.
Segundo
dados fornecidos pelo leitor do Camões, o português é aprendido, no ensino
oficial ou particular em Goa, por “cerca de 1.300 alunos”.
Nas escolas oficiais, como língua opcional, é frequentado por “cerca de 700 alunos”.
As
universidades também oferecem o Português nos seus currículos e, no total,
“entre 50 a 60 alunos têm o português como disciplina no seu plano de estudos”.
A Universidade de Goa tem desde 1988 um mestrado
O
Português é ensinado por um corpo docente local – ao qual o Instituto Camões dá
formação pedagógica, enquanto a Fundação Oriente apoia em termos financeiros –,
o que é uma “mais-valia” para Goa no actual contexto de cortes no Ensino de
Português no Estrangeiro, considera aquele que é “o único professor de
Portugal” no território.
Além
disso, “entre 30 a 40” alunos frequentam “cursos opcionais e livres de Língua
Portuguesa” e “cerca de 500 alunos” estão inscritos em diversas instituições
particulares, que “oferecem cursos de Português em regime pós-laboral”, entre
elas o Centro de Língua Portuguesa em Panjim, refere.
A
comunidade portuguesa em Goa divide-se entre os que têm funções oficiais, os
que optaram por viver em Goa por questões pessoais ou de negócios – “uma
comunidade bastante reduzida” – e aqueles que têm uma ligação afectiva com o
território, no qual passam parte do ano (muitos dos quais têm nacionalidade
portuguesa).
O
património de origem portuguesa em Goa, sobretudo arquitectónico, “impressiona”
quem visita o território, considera Delfim Correia da Silva, sublinhando que
têm sido feitos trabalhos de recuperação.
“Infelizmente, os portugueses estão pouco envolvidos no turismo”, embora –
assinala - haja “bons sinais de progresso”, nomeadamente com a entrada na
Índia, sobretudo nos últimos dois anos, de marcas portuguesas. “Começa a haver
sinais de maior interesse de empresas portuguesas”, destacou.
(ES) Hard Musica
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