Hong
Kong, China, 13 jun (Lusa) -- O Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo) vai
votar, na próxima semana, a proposta de reforma política, que levou milhares às
ruas no ano passado, estando em preparação massivas manifestações -- pró e
contra -- nas vésperas do dia D.
O
LegCo vai analisar a proposta de lei relativa ao método eleitoral para a
escolha do chefe do Executivo na quarta-feira mas, tendo em conta o intenso
debate que deve desencadear, prevê-se que a votação propriamente dita seja
protelada para quinta ou mesmo para sexta-feira.
A
proposta de lei prevê a introdução do sufrágio universal nas eleições para o
chefe do Executivo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três
candidatos, que ficará a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num
processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".
A
proposta de lei surge após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité
Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política.
Dado
que, no passado, Pequim tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do
Governo é eleito por um colégio eleitoral de cerca de 1.200 pessoas, que seria
capaz de escolher o seu líder em 2017, esse anúncio desencadeou um forte
movimento de contestação.
Esse
movimento levou a que, a 28 de setembro do ano passado, o 'Occupy Central'
iniciasse uma campanha de desobediência civil, reforçando os protestos
estudantis então em marcha contra a recusa de Pequim em garantir o sufrágio
universal pleno.
As
manifestações, pautadas pelo cariz pacífico, pese embora uma série de
incidentes, desenrolaram-se sob a forma de ocupação das ruas -- em pelo menos
três distritos, incluindo no centro da cidade -- e mantiveram-se até 15 de
dezembro, altura em que as autoridades procederam ao despejo dos últimos
acampamentos.
Depois
de negociações infrutíferas -- mantidas desde então em diversas frentes,
nomeadamente com os protagonistas do 'Occupy Central' e com a ala democrata --,
o Governo da Região Administrativa Especial submeteu a controversa reforma
política ao parlamento que para ser aprovada tem de granjear dois terços dos
votos dos 70 deputados.
Porém,
dado que não avistaram cedências, os 27 deputados do campo democrata, que se
uniram num compromisso pelo veto no início, mantêm a sua posição e prometem
votar contra.
Tanto
partidários como opositores da proposta anunciaram massivas manifestações a
partir de domingo e pelo menos até ao dia da votação no LegCo na tentativa de
travar um potencial impasse.
A
Frente Civil de Direitos Humanos, que organiza a marcha anual de 01 de julho --
dia da transferência de Hong Kong para a China -- anunciou uma manifestação de
cinco dias, com início no domingo, aliando-se a 13 grupos, como partidos
políticos e movimentos juvenis (como a Federação de Estudantes e o
'Scholarism', dois dos protagonistas do 'Occupy Central'), para a qual espera
uma adesão na ordem das 50 mil pessoas.
Uma
contramanifestação foi também convocada para quarta-feira por parte da Aliança
para a Paz e Democracia -- uma coligação de mais de mil grupos e indivíduos
pró-Governo -- que tem apelado à participação nessa iniciativa a fim de
encorajar os deputados da ala democrata a aprovarem o pacote de reforma
política.
Fontes
policiais, citadas pelos 'media' de Hong Kong, indicaram que mais de 7.000
agentes equipados com material antimotim, como granadas de gás lacrimogéneo,
gás pimenta e balas de borracha, vão estar "a postos" para fazer
frente a um eventual caos.
DM
// PJA
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