Deputados
pró-Governo abandonaram o plenário antes da votação da reforma eleitoral, algo
que Éric Sautedé e Jason Chao não esperavam. No final, o plano de reforma
eleitoral foi chumbado.
Os
deputados de Hong Kong chumbaram ontem o plano de reforma eleitoral do Governo,
numa votação que ficou marcada pelo abandono dos membros do parlamento afectos
à ala pró-Pequim. Em Macau, o episódio foi observado com “relativa surpresa”,
embora já fosse esperado o chumbo do pacote proposto pelo Executivo da Região
Administrativa Especial vizinha.
“Foi
mais rápido do que era esperado. Os deputados pró-Pequim estavam em rota de
colisão e, de qualquer forma, já se sabia que a proposta não ia ser aprovada”,
comentou o politólogo Éric Sautedé. “Isto não vai influenciar em nada o
panorama que já era conhecido. A surpresa aqui foi o abandono da votação, pela
primeira vez, dos deputados da ala pró-sistema”, sublinhou, em declarações ao
PONTO FINAL.
Na
leitura deste especialista em ciências políticas, a atitude dos deputados
pró-Pequim foi uma “posição de força” tomada com o intuito de enviar a
mensagem: ‘Não concordamos com essa via’, mas acabou por ser infeliz. “Não
havia necessidade de secar o debate”, afirma.
Relativamente
surpreendido com a atitude dos deputados pró-sistema mostrou-se também Jason
Chao, activista. “O que foi inesperado aqui foi o volte-face no cenário, quando
os próprios deputados pró-sistema retiraram o apoio que tinham antes dado ao
plano de reforma do Governo. É a prova de que a proposta do Governo era uma
má”, considera.
Para
o também vice-presidente da Associação Novo Macau, o episódio mostra que “as
pessoas estão a olhar já para o real futuro político, aquele que vai ditar o
que vai ser de Hong Kong em 2047”, quando está previsto o regresso pleno da
região à China. “Macau tem pela frente o mesmo desafio, com dois anos de
atraso. Devemos falar sobre o nosso futuro político também”, defendeu.
Éric
Sautedé também considera que Macau não pode fechar os olhos ao que se passa na
região vizinha. “Em Macau a situação é diferente. Não há a promessa de sufrágio
universal no futuro. Mas os exemplos de Hong Kong devem servir para que as
pessoas sejam mais críticas por cá também. Estes episódios servem para
alimentar o debate”.
Na
visão do politólogo, “Macau é o aluno bom e obediente, no sentido em que é
menos contestatário e mais fácil de contentar, comparativamente a Hong Kong.
Isso também mostra que Macau tem uma necessidade premente de diversificar as suas
vozes políticas e criar alternativas ao discurso que só defende as posições da
ala pró-empresarial”.
Ponto Final (Macau)
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