Pequim,
19 jun (Lusa) - O governo chinês advertiu hoje que "nenhum país pode
interferir" nos assuntos de Hong Kong e acusou os partidos democráticos
locais de "terem perdido a importante oportunidade de escolher o
chefe-executivo" do território por sufrágio direto.
"Hong
Kong é uma Região Administrativa Especial da China. Os assuntos de Hong Kong
recaem sob a esfera interna China. Nenhum país pode interferir", disse um
porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, ao ser
questionado sobre a votação de quinta-feira no Conselho Legislativo de Hong
Kong.
O
Conselho Legislativo de Hong Kong rejeitou o plano de reforma politica
defendido pelo governo central chinês para a eleição do chefe do governo do
território em 2017, e que exigia o voto favorável de dois terços dos 70
legisladores.
Com
muitos deputados ausentes da sala na altura da votação, a referida proposta
obteve 28 votos contra e apenas oito a favor, num resultado descrito pela
imprensa oficial chinesa como "um dia triste".
Trata-se
de uma proposta "razoável e pragmática", que reflete "uma
posição duradoura da China" acerca do "avanço da democracia" em Hong Kong , comentou o
porta-voz do MNE chinês.
A
China concordou com a eleição do chefe-executivo de Hong Kong por sufrágio direto,
mas impôs que os "dois ou três" únicos candidatos fossem previamente
aprovados por um Comité de Nomeação de 1.200 pessoas, o que para os partidos
democráticos do território consideram "uma limitação à democracia".
Hong
Kong foi integrado na Republica Popular da China em julho de 1997, segundo a
fórmula "um país, dois sistemas", que permite a continuação por mais
50 anos do "modo de vida" do território, nomeadamente as liberdades
de imprensa e de associação, desconhecidas no resto do país.
Até
agora, o chefe do governo do território era escolhido por um comité eleitoral
composto maioritariamente por personalidades consideradas "patriotas"
e não hostis à política do Partido Comunista Chinês.
"O
governo central da China continua comprometido com o princípio 'um país, dois
sistemas' e tem plena confiança no futuro de Hong Kong", disse também o
porta-voz do MNE.
A
eleição do chefe-executivo de Hong Kong por sufrágio direto seria uma
experiencia inédita na China.
No
final da década de 1980, o PCC começou a promover a eleição direta dos comités
de aldeia, mas os líderes das municípios e das províncias continuam a ser
escolhidos entre os membros das respetivas assembleias populares.
De
acordo com a fórmula "um país, dois sistemas", adotada também em
Macau, em dezembro de 1999, Hong Kong goza de "um alto grau de
autonomia" e é governada por pessoas do território.
Antiga
colónia britânica, com cerca de 7 milhões de habitantes, Hong Kong é um centro
financeiro internacional, com um Produto Interno Bruto per capita superior a
33.500 dólares - mais do que Portugal e o quase o triplo de Xangai, que é uma
das mais prósperas cidades da China continental.
AC
// JPS
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