Um
tribunal no Bangladesh condenou hoje a 10 anos de prisão seis responsáveis de
uma empresa farmacêutica que desenvolveu um xarope de paracetamol tóxico que
matou, segundo fontes médicas, centenas de crianças na década de 1990.
Entre
os acusados está Shahjahan Sarker, o diretor da então farmacêutica BCI
Bangladesh, empresa que foi entretanto encerrada, e outros cinco diretores e
gerentes da companhia.
"Receberam
a punição por terem adulterado um xarope de paracetamol usado por bebés",
afirmou o procurador do Ministério Público, Nadim Miah, em declarações à
agência francesa AFP, sobre a deliberação do tribunal de Daca.
Apenas
Shahjahan Sarker será enviado para a prisão, uma vez que os restantes réus do
processo estão em fuga desde 2009, altura em que foram formalmente acusados de
adulterar o medicamento com dietilenoglicol (Diethylene Glycol), frequentemente
usado na indústria de artigos de pele.
O
solvente tóxico foi usado como uma alternativa ao propilenoglicol (Propylene
Glycol), um composto químico seguro e 10 vezes mais caro.
Após
a administração do xarope, as crianças começavam a manifestar sintomas de
insuficiência renal.
Os
primeiros casos de utilização deste produto tóxico foram divulgados na década
de 1990. Na altura, a comunidade médica local denunciou a morte de centenas de
crianças, forçando a uma maior fiscalização governamental da indústria
farmacêutica.
Mas,
em 2009, foram registadas novas mortes infantis e o componente tóxico foi
novamente detetado num xarope de paracetamol.
Cinco
empresas farmacêuticas foram inicialmente implicadas neste escândalo.
Três
funcionários de outra farmacêutica, Adflame Pharmaceutical, foram condenados a
penas de prisão em 2014. O processo judicial relacionado com os responsáveis da
BCI Bangladesh arrastou-se durante vários anos.
Segundo
o nefrologista pediatra local, Mohammed Hanif, a adulteração de medicamentos
infantis com este componente tóxico poderá ter começado na década de 1980.
Em
declarações à AFP, o nefrologista afirmou que os hospitais no Bangladesh
começaram a receber casos de crianças com insuficiência renal em finais de
1982. Mas, de acordo com o especialista, foram precisos 10 anos para
estabelecer a ligação entre as mortes destas crianças e a utilização indevida
de dietilenoglicol.
Num
artigo publicado no reconhecido British Medical Journal, Mohammed Hanif chegou
a denunciar a possibilidade do componente tóxico ter matado vários milhares de
crianças no Bangladesh.
Noticias
Ao Minuto com Lusa
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