Jacarta, 26 ago (Lusa) - O primeiro-ministro
timorense, Rui Maria de Araújo, e o Presidente indonésio, Joko Widodo,
decidiram hoje em Jacarta resolver as disputas das fronteiras terrestres até ao
final do ano e começar a analisar as questões fronteiriças marítimas.
Na primeira visita oficial do
primeiro-ministro timorense ao estrangeiro, os dois governantes concordaram em
"acelerar esforços para determinar os dois segmentos de fronteiras
terrestres por resolver em
Noel Besi - Cintrana e Bijael Sunan - Oben", lê-se no
comunicado conjunto distribuído à imprensa no final do encontro.
Numa declaração sem direito a perguntas no
palácio presidencial de Jacarta, Joko Widodo expressou a intenção dos dois
governos em analisar estas disputas até ao final do ano.
Os dois líderes congratularam-se com os
progressos alcançados recentemente nas disputas de território entre os dois
países, em particular a "abertura de nove pontos de passagem
fronteiriços" entre Timor-Leste e Timor Ocidental, como acordado em 2013.
Rui Maria de Araújo disse ainda esperar o
lançamento do "mercado regulamentado fronteiriço no futuro, talvez em
2016".
Quanto às fronteiras marítimas, os líderes
dos dois países vizinhos tencionam "começar a discussão antes ou durante o
próximo encontro da Comissão de Fronteira Comum (JBC, na sigla inglesa) em
2015", lê-se no comunicado.
Segundo o Presidente indonésio, localmente
conhecido apenas por Jokowi, que assumiu funções em outubro do ano passado, a
análise das fronteiras marítimas começará pelo norte, seguindo depois para o
sul.
No encontro, onde participaram largas
delegações ministeriais dos dois países, foram assinados dois memorandos de
entendimento para a cooperação agrícola e para a cooperação técnica para o
setor da silvicultura, mas não houve qualquer informação disponibilizada à
imprensa sobre os mesmos.
Na primeira reunião oficial entre os dois
líderes, encarado como "muito bem-sucedido", ambas as delegações
mostraram-se satisfeitas com o crescimento económico entre os dois países
"nos últimos cinco anos", de acordo com o documento.
No comunicado, foi destacado sobretudo o
investimento empresarial indonésio no setor bancário e em infraestruturas e
defendida a necessidade de uma maior aposta nas áreas da energia e das
telecomunicações no mais recente país do Sudeste Asiático.
De acordo com o chefe do governo timorense,
existem 24 empresas públicas e cerca de 400 empresas privadas indonésias a
operar em Timor-Leste e perto de 700 indonésios a viver no país, sendo que
Timor-Leste conta com cerca de 400 estudantes na Indonésia.
"A cooperação bilateral está a aumentar
em todas as áreas estabelecidas através de mais de 50 acordos-quadro entre os
nossos dois países", destacou, agradecendo o apoio do país vizinho em
termos de formação e assistência técnica em áreas como "agricultura, pescas, florestas,
comércio e infraestruturas".
Jokowi aproveitou para falar de alguns
produtos indonésios na área da defesa, como aviões ou uniformes militares, dado
que Timor-Leste tem comprado material de segurança, como armas, ao país vizinho.
Segundo o comunicado, ambos os governantes
saudaram o desenvolvimento da cooperação nas áreas da segurança e da defesa,
"particularmente no combate às drogas ilegais", visto que a fronteira
timorense tem sido uma porta de entrada de substâncias ilícitas na Indonésia.
Rui Maria de Araújo convidou ainda, em nome
do Presidente timorense, Taur Matan Ruak, Joko Widodo a visitar Timor-Leste
"num futuro próximo".
Durante a visita oficial à Indonésia, o
chefe do executivo timorense reunir-se-á quinta-feira com o secretário-geral da
Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Le Luong Minh, devendo
regressar a Díli na sexta-feira.
Depois dos 25 anos de invasão indonésia que
culminaram com a declaração da independência de Timor-Leste em 2002, o gigante
asiático é hoje o principal fornecedor e parceiro comercial da antiga colónia
portuguesa.
AYN//APN – Foto: AFP/Adek Berry
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