Díli,
10 set (Lusa) - A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu hoje empenho e
esforços renovados para combater doenças tropicais negligenciadas como a
calazar, lepra, bouba ou esquistossomose, que continuam a afetar e matar
centenas de milhares de pessoas no continente asiático.
O
alerta foi dado em Díli no decurso da 68.ª sessão do Comité Regional do Sudeste
Asiático da OMS, que decorre na capital timorense até sexta-feira com
delegações de 11 países.
"Apesar
de serem chamadas doenças negligencias, estas são as doenças das pessoas
negligenciadas, dos mais pobres dos pobres. Compromissos políticos fortes e
esforços renovados e com foco centrado em torno da população afetada são
necessários para controlar, eliminar e erradicar estas doenças", disse Poonam
Khetrapal Singh, diretora regional da OMS no sudeste asiático.
Entre
as doenças que merecem menos atenção contam-se a calazar ou leishmaniose, a
segunda doença parasitária que mais mata no mundo (atrás da malária), a bouba,
uma doença infeciosa de pele, ossos e cartilagens, e a esquistossomose, uma
doença crónica considerada a forma mais grave de parasitose.
Muitas
destas doenças têm consequências mortais para os doentes e outras deixam-nos
incapacitados ou desfigurados o que, sublinha a OMS, os torna vítimas de
discriminação, estigma e até maus tratos, "empurrando-os ainda mais para a
pobreza".
A
OMS defende, por isso, medidas mais amplas de deteção precoce e tratamento
adequado para prevenção e cura de toda a população afetada e em risco, com um
envolvimento "multissetorial" na resposta das autoridades.
Um
dos processos mais implementados é o de resposta à lepra, ou hanseníase, uma
doença endémica em todos os países da região, que em 2013 foi responsável por
mais de 155 mil casos (73% de todos os reportados globalmente).
Estima-se
que haja ainda cerca de 60 milhões de pessoas infetadas com a filariose
linfática (metade dos casos globais) com 10 mil casos de calazar e 147 milhões
de pessoas em risco.
Timor-Leste
e a Indonésia, por seu lado, são os únicos países com casos de bouba, sendo que
a Indonésia persistem três 'bolsas' de esquistossomose, nomeadamente em zonas
de difícil acesso e com falta de água potável ou saneamento adequado.
ASP//ISG
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