quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Instituto Português do Oriente quer afirmar Macau como centro do português na Ásia



Macau, China, 10 set (Lusa) - O Instituto Português do Oriente (IPOR) quer contribuir para a afirmação de Macau como centro de promoção do português na Ásia, voltando a assumir um papel na coordenação de projetos de promoção da língua na região.

Em declarações aos jornalistas, João Neves, diretor do IPOR, salientou o posicionamento estratégico da Macau na região Ásia-Pacífico para a consolidação do ensino da língua portuguesa e, por outro, como centro de desenvolvimento de conhecimento e de materiais de apoio, áreas nas quais o Instituto está igualmente empenhado.

O diretor do IPOR falava à margem do Encontro de Pontos de Rede de Ensino de Português Língua Estrangeira na Ásia, que hoje teve início nas instalações do Consulado Geral de Portugal em Macau com a participação de docentes radicados em Goa, Pequim, Seul, Banguecoque, Hanói, Xangai e Jacarta.

"Queremos contar com estes leitores, e, por via deles, estreitar, no futuro, também as ligações às universidades de onde provêm e a outros agentes de promoção do português nesses países", explicou.

Para João Neves é fundamental "convocar estes saberes que estão disseminados por estes países na região (...) para projetos em conjunto que cumpram objetivos comuns, por exemplo, de elaboração de materiais para as novas plataformas tecnológicas ou para os fins específicos que estão na base da procura do Português na região".

A estes oito leitores, que integram a rede do Camões I.P., João Neves acrescentou os 11 docentes do IPOR (e a colaboração de professores de escolas oficiais de Macau e de universidades locais), referindo tratar-se de um núcleo de enorme qualidade, "cujas experiências queremos pôr em partilha e potenciar".

Ensinar português na Ásia nem sempre é tarefa fácil como salientou Pedro Sebastião, destacado na Universidade de Hanói, onde a licenciatura de português "é recente e tem a nota mais baixa para entrada na universidade".

Apesar dos 200 alunos, Pedro Sebastião, que é acompanhado por seis professores vietnamitas, reconhece um interesse económico no português já que o Brasil, Angola ou Moçambique possuem embaixadas no Vietname e pretende encontrar estratégias que motivem alunos "pouco trabalhadores" e com "receio de enfrentarem dificuldades".

Em Jacarta, a João Soares faltam professores já que, sendo o único, tem entre 100 a 150 alunos por semestre, mas vinca que "há um grande potencial de crescimento" num país onde a grande dificuldade é colocar em prática o que se aprende na aula.

Por outro lado, acrescentou, a estratégia de divulgação "teria a ganhar" se, pelo menos no nível de iniciação, os manuais estivessem em inglês, a primeira língua de contacto entre professor e aluno.

Com maior implantação, o ensino do português em Goa continua em desenvolvimento e tem anualmente cerca de 1.500 a aprender, dos quais 200 na universidade e 700 nas escolas secundárias.

Apesar do número de professores ser superior a 25, Delfim Correia da Silva salienta que encontros como o de Macau e a partilha de experiencias entre os docentes de vários países "são fundamentais para o desenvolvimento da língua" e para que os professores trabalhem de frente e não de costas voltadas.

JCS // SB

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