Macau,
China, 10 set (Lusa) - O Instituto Português do Oriente (IPOR) quer contribuir
para a afirmação de Macau como centro de promoção do português na Ásia,
voltando a assumir um papel na coordenação de projetos de promoção da língua na
região.
Em
declarações aos jornalistas, João Neves, diretor do IPOR, salientou o
posicionamento estratégico da Macau na região Ásia-Pacífico para a consolidação
do ensino da língua portuguesa e, por outro, como centro de desenvolvimento de
conhecimento e de materiais de apoio, áreas nas quais o Instituto está
igualmente empenhado.
O
diretor do IPOR falava à margem do Encontro de Pontos de Rede de Ensino de
Português Língua Estrangeira na Ásia, que hoje teve início nas instalações do
Consulado Geral de Portugal em Macau com a participação de docentes radicados
em Goa, Pequim, Seul, Banguecoque, Hanói, Xangai e Jacarta.
"Queremos
contar com estes leitores, e, por via deles, estreitar, no futuro, também as
ligações às universidades de onde provêm e a outros agentes de promoção do
português nesses países", explicou.
Para
João Neves é fundamental "convocar estes saberes que estão disseminados
por estes países na região (...) para projetos em conjunto que cumpram
objetivos comuns, por exemplo, de elaboração de materiais para as novas
plataformas tecnológicas ou para os fins específicos que estão na base da
procura do Português na região".
A
estes oito leitores, que integram a rede do Camões I.P., João Neves acrescentou
os 11 docentes do IPOR (e a colaboração de professores de escolas oficiais de
Macau e de universidades locais), referindo tratar-se de um núcleo de enorme
qualidade, "cujas experiências queremos pôr em partilha e potenciar".
Ensinar
português na Ásia nem sempre é tarefa fácil como salientou Pedro Sebastião,
destacado na Universidade de Hanói, onde a licenciatura de português "é
recente e tem a nota mais baixa para entrada na universidade".
Apesar
dos 200 alunos, Pedro Sebastião, que é acompanhado por seis professores
vietnamitas, reconhece um interesse económico no português já que o Brasil,
Angola ou Moçambique possuem embaixadas no Vietname e pretende encontrar
estratégias que motivem alunos "pouco trabalhadores" e com
"receio de enfrentarem dificuldades".
Em
Jacarta, a João Soares faltam professores já que, sendo o único, tem entre 100
a 150 alunos por semestre, mas vinca que "há um grande potencial de
crescimento" num país onde a grande dificuldade é colocar em prática o que
se aprende na aula.
Por
outro lado, acrescentou, a estratégia de divulgação "teria a ganhar"
se, pelo menos no nível de iniciação, os manuais estivessem em inglês, a
primeira língua de contacto entre professor e aluno.
Com
maior implantação, o ensino do português em Goa continua em desenvolvimento e
tem anualmente cerca de 1.500 a aprender, dos quais 200 na universidade e 700
nas escolas secundárias.
Apesar
do número de professores ser superior a 25, Delfim Correia da Silva salienta
que encontros como o de Macau e a partilha de experiencias entre os docentes de
vários países "são fundamentais para o desenvolvimento da língua" e
para que os professores trabalhem de frente e não de costas voltadas.
JCS
// SB
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