Um
ex-conselheiro do sector petrolífero que defraudou o Governo timorense, Bobby
Boye, foi condenado por um tribunal federal norte-americano a seis anos de
prisão e a devolver mais de 3,51 milhões de dólares a Timor-Leste.
Boye,
de 52 anos, natural de Mahwah, New Jersey, foi condenado por "usar uma
empresa de contabilidade fraudulenta para defraudar um país estrangeiro em mais
de 3,5 milhões de dólares", segundo explica o procurador Paul J. Fishman,
em comunicado.
Em
Abril, Boye tinha assumido a responsabilidade pelos crimes de que é acusado.
Preso
em New Jersey em Junho de 2014, Boye esteve em prisão domiciliária desde então,
enquanto decorriam as negociações entre a defesa e a acusação.
Em
novembro do ano passado, despediu o seu advogado privado, solicitando, por
alegada falta de dinheiro, um defensor público, que negociou a admissão de
culpa de Boye e prometeu pagar o dinheiro subtraído a Timor-Leste.
Finalmente,
em Abril Boye apresentou uma declaração de culpa de um crime de fraude.
Com
o dinheiro defraudado a Timor-Leste, Boye comprou várias casas, carros e outros
bens de luxo tendo como parte do acordo com a acusação aceitado entregar estes
bens e ainda "4,23 milhões de dólares, representando a quantia obtida pelo
crime de que é condenado".
Nas
10 páginas de acusações, o ex-conselheiro descreve o seu trabalho em
Timor-Leste e a forma como cometeu a fraude através da criação de uma empresa
multinacional de direito e contabilidade, a Opus & Best, de quem era sócio
único.
Referem
que Boye "consciente e intencionalmente conspirou e acordou com os outros,
conhecidos e desconhecidos, para elaborar um esquema para defraudar
(Timor-Leste) através de pretextos falsos e fraudulentas".
O
objectivo era que o "réu enriquecesse pela obtenção fraudulenta de
lucrativos contratos de consultoria" de Timor-Leste, sendo que nenhuns
cúmplices em Timor-Leste são mencionados na acusação.
Para
isto, Boye levou a sua mulher (actualmente estão divorciados e ela não é
acusada) a criar contas de email da Opus & Best", incluindo uma de um
alegado sócio Dominic Lucas - que se desconhece se é ou não uma pessoa
verdadeira ou o próprio réu.
As
candidaturas a contratos em Timor-Leste realizadas pela O&B continham
"várias declarações falsas e representações materiais que pretendiam dar a
impressão de que se tratava de uma empresa legítima" que operava em vários
países há vários anos com "advogados, consultores e economistas de
'primeira classe'".
"Na
realidade, o réu Boye criou a Opus & Best com a finalidade de apresentar
documentos fraudulentos. Além disso, a Opus & Best não empregava mais
ninguém além do réu Boye", refere.
Boye
usou depois a sua participação no próprio comité de revisão das propostas em
Timor-Leste para canalizar concursos e contratos para a Opus & Best,
levando Timor-Leste a canalizar para a sua conta 3,51 milhões de dólares entre
Junho e Dezembro de 2012.
Em
Abril de 2013, Boye tentou que Timor-Leste pagasse mais 250 mil dólares para a
Opus & Best Hong Kong, mas Díli não aceitou a proposta e este acabou por
sair do país pouco tempo depois.
No
final de maio, Dominic Luca remeteu a Timor-Leste uma última fatura no valor de
630 mil dólares.
SAPO
TL com Lusa
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